– Tenho a sensação que o cronista deste artigo apenas escreve o que lhe interessa. Se a Moscóvia é um Estado não-civilizado, de selvagens Neandertais primatas, não cumpridor do Direito Internacional, da Carta das Nações Unidas e das Convenções Internacionais em vigor e das quais é subscritor, com lugar no Conselho de Segurança e com direito a veto, a China também não é flor que se cheire! Basta ler/ver/ouvir diariamente as notícias para constatar o que acima referi. E o “amigo” Xi tem demonstrado tudo isso.
🇵🇹 OPINIÃO
A última coisa de que o mundo precisa é de uma guerra comercial entre a União Europeia (UE) e a China. Não se peça que Bruxelas deixe de defender os interesses dos cidadãos europeus, mas é preciso alertar para que seja mantida a proporcionalidade das decisões comunitárias.
Pode acontecer que a defesa das empresas europeias acabe por ser prejudicial aos interesses dos consumidores europeus, levando a que se deite fora o bebé com a água do banho.
Este texto não pretende ser um ensaio jornalístico sobre o andamento da globalização e os altos e baixos nas relações com a economia chinesa, mas há perguntas que pela sua pertinência nos fazem descer à terra e questionar a razoabilidade das decisões da Comissão Europeia (CE). Numa sociedade transparente, todas as perguntas são legítimas e todas as respostas são exigíveis.
Como se explica que a UE tenha aplaudido a chegada de capital chinês a empresas estratégicas como a EDP e a REN ao mesmo tempo que impunha obstáculos aos painéis solares vindos da China e a Comissão Europeia ameaçava impor sanções comerciais aos fabricantes chineses de equipamentos para redes de telecomunicações móveis, como a Huawei e a ZTE, por dumping e subsídios ilegais?
Estávamos em 2013. Uma década depois, a acusação de dumping passou para os carros eléctricos, agora ameaçados com uma investigação, e o perigo da Huawei e ZTE é a potencial ameaça de espionagem ou boicote. O que dizer, a esse propósito, sobre a decisão de Elon Musk de desligar os satélites Starlink usados pela Ucrânia na guerra, para impedir um ataque na Crimeia?
E o que dizer também de uma das maiores empresas de telecomunicações da Ucrânia contar com as empresas chinesas para a reconstrução de infra-estruturas destruídas durante a guerra com a Rússia?
Confirmando que as coisas nunca são a preto e branco, convém lembrar que foi também há 10 anos que este medo da espionagem ligada às novas tecnologias conheceu o seu momento alto.
Todos nos lembramos que o Caso Snowden diz respeito aos descomunais poderes de vigilância acumulados pelo Governo dos EUA, incluindo às mais altas figuras de países aliados de Washington. Está, portanto, mais do que provado que as novas tecnologias e as redes sociais podem servir interesses ilegítimos e é evidente que os cidadãos europeus precisam de ser defendidos, venha a ameaça do Oriente ou do Ocidente.
Talvez fosse mais prudente, ainda assim, minimizar esses riscos e deixar os consumidores beneficiarem da melhor opção, ensinando-os a lidar com os perigos das novas tecnologias.
A globalização evoluiu com muitos benefícios para todas as nações, mas também com muitas dificuldades que é preciso ultrapassar, a primeira das quais é o regresso de dois blocos distintos em que os interesses conflituantes parecem superar o benefício comum.
Isso é ainda mais notório quando o mundo vive um mau momento económico e quando a guerra da Ucrânia ajuda a criar clivagens.
A não ser que se queira regressar ao século XIX, e aos tempos das guerras do ópio, para impor uma visão unilateral do que devia ser o comércio global e os benefícios da Revolução Industrial, é preciso perceber que “negócios da China” têm de resultar de um acordo que seja benéfico para todas as partes.
Há riscos, e eles devem ser minimizados, mas o proteccionismo puxa para trás. É um erro que tem de ser corrigido. O pior que podia acontecer à globalização era ter de dar lugar a tecno-nacionalismos de ambos os lados.
Jornalista
DN
Paulo Baldaia
18 Setembro 2023 — 00:30
Ex-Combatente da Guerra do Ultramar, Web-designer,
Investigator, Astronomer and Digital Content Creator
published in: 1 semana ago
– Tenho a sensação que o cronista deste artigo apenas escreve o que lhe interessa. Se a Moscóvia é um Estado não-civilizado, de selvagens Neandertais primatas, não cumpridor do Direito Internacional, da Carta das Nações Unidas e das Convenções Internacionais em vigor e das quais é subscritor, com lugar no Conselho de Segurança e com direito a veto, a China também não é flor que se cheire! Basta ler/ver/ouvir diariamente as notícias para constatar o que acima referi. E o “amigo” Xi tem demonstrado tudo isso.