– Ainda tenho esperança que o PZP passe a partido do táxi como antigamente foi o CDS e que hoje nem isso é.
🇵🇹 OPINIÃO
Manuel Pires da Rocha é um cidadão português, professor de violino numa escola pública, membro da Direcção do Sindicato dos Professores da Região Centro.
É, portanto, alguém que se insere no tecido social português, vive em Portugal, país que é uma democracia ocidental, e por cá faz a sua vida com a liberdade de se inserir num partido que tem representação parlamentar.
Sabe, por experiência própria, o que são eleições livres, conhece a liberdade de imprensa. O sindicato de que é membro tem toda a liberdade de reunião e associação.
Pode exigir, criticar o governo e as restantes instituições da nosso edifício democrático, manifestar-se, produzir informação livre. O cidadão Manuel Pires da Rocha, antigo membro da Brigada Vitor Jara, tem garantias democráticas de toda a protecção da sua pessoa, da sua família e dos seus bens.
Sabe que um agente de uma qualquer polícia não lhe entra pela casa dentro sem um mandado de busca, emitido por um juiz. Tem consciência, também que, em Portugal, não há polícia política que lhe vigie e condicione o pensamento.
Que o direito de se manifestar é respeitado e ninguém o vai prender ou violentar por a sua organização sindical decidir ir protestar frente à residência do primeiro-ministro ou às portas do Palácio de Belém.
Não, ninguém o envenena, não cai, misteriosamente, de nenhuma varanda, nem aparece enforcado em condições indecifráveis.
Moral da história: Manuel Pires da Rocha, membro da comissão concelhia do Coimbra do PCP vive a sua vida, calmamente, e insere-se num país da Europa Ocidental, membro da União Europeia e pertencente ao bloco defensivo da NATO.
Manuel Pires da Rocha, juntamente, com o sérvio Srdjan Perisic, o indonésio Fauzan Al Rashid, e Natalie Yamb, dos Camarões, foram os cidadãos convidados como observadores às “eleições” desencadeadas pelo Kremlin nas quatro regiões ucranianas, ilegalmente, ocupadas do Donbass, nomeadamente, Donetsk, Kherson, Lugansk e Zaporíjia.
Na sua singular tarefa de “observação” nenhum dos quatro perspicazes observadores se lembrou do massacre praticado pelas tropas russas no teatro de Mariupol, na região de Donetsk, onde se encontravam dezenas de crianças e grávidas e, no chão, no exterior, estava escrita a palavra “crianças”, na esperança que as tropas russas as poupassem às bombas.
Na sua azáfama de “observação” nas “eleições” no Donbass, nenhum dos quatro deu conta das irregularidades e fraudes registadas no “processo eleitoral” por outros observadores, estes independentes.
Dos quatro, nenhum se apercebeu das deportações ilegais e forçadas registadas no Donbass. Não repararam nas intimidações, na violação dos direitos humanos.
Não lhes foi dito que Kherson é uma região ucraniana que está, parcialmente, ocupada pela Rússia e que, isso, é mais do que suficiente para anular qualquer hipótese de credibilidade destas “eleições”?
Ninguém falou a Manuel Pires da Rocha e aos seus três companheiros de vigília eleitoral, da prática de funcionários russos que fizeram visitas ao domicílio acompanhados por soldados armados forçando os cidadãos a irem votar.
Não, pelos vistos tudo isto passou ao lado de Manuel Pires Rocha e dos seus três outros compagnons de route.
Bem, pelo contrário, no Donbass, Manuel Pires da Rocha só viu democracia e uma “atmosfera de liberdade”. Disse ele, em declarações a um jornal russo, que ” se pudesse descrever o que está a acontecer (no Donbass) escolheria a palavra “esperança”.
Pois é! Talvez Manuel Pires da Rocha e os três companheiros “observadores ” necessitem, com urgência, de uma consulta oftalmológica.
A sua “visão” deve estar de tal modo comprometida, que até o Partido Comunista, talvez num sibilino exercício de hipocrisia política, fez questão de se distanciar, ao afirmar que a presença de Manuel Pires da Rocha, no Donbass, foi ” totalmente alheia a qualquer decisão do PCP”.
Na verdade, não há pior cego do que aquele que não quer ver.
Jornalista
DN
António Capinha
15 Setembro 2023 — 00:39
Ex-Combatente da Guerra do Ultramar, Web-designer,
Investigator, Astronomer and Digital Content Creator
published in: 2 semanas ago