– “… Qualquer pessoa com 50 anos já é para a sociedade, e para o mercado de trabalho sem cunhas, alguém descartável e que não serve. É hoje bastante visível o desprezo como as camadas mais velhas da população são tratadas nos serviços públicos, como são tratadas nos transportes, como são tratadas nos restaurantes, como são tratadas até pelos próprios filhos e netos. Há um total desprezo e preconceito da sociedade portuguesa perante os nossos velhos.”
Verdade nua e crua, não só de agora, mas de há muitos anos atrás. Bravo!!!
🇵🇹 OPINIÃO
Todos os preconceitos são inaceitáveis. Pelo simples facto que magoam alguém. E isso é razão suficiente para que nenhum preconceito seja aceite. Todos temos preconceitos e quem diz o contrário está a mentir.
Até porque muitos deles são irracionais. Cabe a cada um de nós puxar pela racionalidade e reprimir ideias feitas e injustas sobre grupos de pessoas.
E temos evoluído, nem sempre à velocidade que desejaríamos, no sentido de reduzir manifestações de preconceito, bem como a opinião pública tem evoluído no sentido de condenar cada vez mais qualquer manifestação de preconceitos. Ou melhor, de alguns dos preconceitos que se têm instituído como mais inaceitáveis.
O problema é que há preconceitos, cada vez mais banalizados, que não têm a mesma atenção. E há um deles que está a crescer, que se tem institucionalizado e de que ninguém fala: o idadismo.
O preconceito contra as pessoas mais velhas, sobretudo num país como Portugal, bastante envelhecido, é uma das maiores chagas da nossa sociedade.
E não é necessário ser septuagenário ou octogenário. Qualquer pessoa com 50 anos já é para a sociedade, e para o mercado de trabalho sem cunhas, alguém descartável e que não serve.
É algo bastante grave que se tem acentuado na mesma proporção de que ser-se jovem é automaticamente sinónimo de todas as qualidades e méritos.
A linguagem das entidades oficiais também não tem ajudado. Há uma preocupação grande com as dificuldades dos mais jovens, seja na habitação, seja para encontrar um primeiro emprego, seja nos baixos salários.
E são preocupações justas. O problema é que não se vê a mesma atenção das entidades oficiais com a larga maioria da população, que é mais velha, que não tem voz.
É hoje bastante visível o desprezo como as camadas mais velhas da população são tratadas nos serviços públicos, como são tratadas nos transportes, como são tratadas nos restaurantes, como são tratadas até pelos próprios filhos e netos. Há um total desprezo e preconceito da sociedade portuguesa perante os nossos velhos.
Claro que com estes casos não se gastam horas e horas de debates nos canais de informação. Não há uma página de jornal sobre o tema. Não é um preconceito que tenha a visibilidade do racismo, da xenofobia, da homofobia ou da misoginia. Mas mata.
Não é por acaso que este preconceito é o causador do isolamento cada vez maior dos nossos mais velhos. Não é por acaso que aceitamos como correcto despejar octogenários em lares até ao fim das suas vidas.
Também grave é que o idadismo está a provocar uma divisão na sociedade. Em que pessoas de gerações distantes já mal conseguem comunicar entre si. Em que uns e outros, não se entendendo, vivem numa guerra surda. E isto causa problemas bem mais graves do que ter uma sociedade envelhecida.
Até porque é muito possível, tenhamos nós governantes à altura, aproveitar a experiência e o saber dos mais velhos para desenvolver o país. A sociedade que tem de saber adaptar-se à nova realidade.
Infelizmente, nem os governos estão a saber lidar com uma população envelhecida, como ainda por cima o preconceito perante os mais velhos tem crescido sem que ninguém os defenda.
Presidente do movimento Partido Democrata Europeu
O autor escreve de acordo com a antiga ortografia
DN
Tiago Matos Gomes
30 Agosto 2023 — 22:54
Ex-Combatente da Guerra do Ultramar, Web-designer,
Investigator, Astronomer and Digital Content Creator
published in: 3 semanas ago
– “… Qualquer pessoa com 50 anos já é para a sociedade, e para o mercado de trabalho sem cunhas, alguém descartável e que não serve. É hoje bastante visível o desprezo como as camadas mais velhas da população são tratadas nos serviços públicos, como são tratadas nos transportes, como são tratadas nos restaurantes, como são tratadas até pelos próprios filhos e netos. Há um total desprezo e preconceito da sociedade portuguesa perante os nossos velhos.”
Verdade nua e crua, não só de agora, mas de há muitos anos atrás. Bravo!!!