– “… Ainda há milhares de pessoas a viver em condições miseráveis (bairros de lata e ilhas sem o mínimo de condições, nos arredores de Lisboa e do Porto, mas não só).”
Esqueceu-se o cronista de mencionar as pessoas que habitam prédios de construção antiga com rendas de >€ 500,00 e quando o salário mínimo nacional é de € 760,00…!!! E o resto das despesas? E legislação para não permitir este abuso? Como é que políticos, sejam eles PR, governança ou bem-aventurados da vida podem sentir as desigualdades de cidadãos a (sobre)viverem no fio da navalha? Falácias!
🇵🇹 OPINIÃO
Com Marcelo Rebelo de Sousa a regra passou a ser a de não dar descanso ao Governo.
Eufemisticamente, pode dizer-se que o Presidente deixou de levar o Governo ao colo, mesmo que, olhando de perto, qualquer um seja capaz de ver que é mais do que isso: quando o Governo tem de passar por Belém, lá está a perna de Marcelo esticada à espera de provocar um trambolhão.
A profunda divergência do inquilino do Palácio de Belém com o inquilino do Palácio de São Bento a propósito da habitação começou desde o momento em que o Governo apresentou as suas propostas para discussão pública.
Começou logo com o prazo muito curto para essa discussão, alargado por pressão presidencial e continuou com críticas à falta de exequibilidade da maioria das medidas. Adivinhava-se o desfecho.
É certo que a montanha tem parido muitos ratos desde a afronta com a não-exoneração de Galamba, sendo a mais evidente a promulgação do diploma do Governo sobre a carreira dos professores, em que bastou uma alteração cirúrgica feita pelo Executivo para Marcelo fazer tábua rasa do arraso que deu ao Governo a este propósito.
Um diploma que passou de fininho no meio de mais um arraso em que até Marcelo nos avisa que é inconsequente. A maioria parlamentar socialista vai reafirmar a sua vontade de resolver os problemas da habitação com aquele pacote legislativo e o Presidente vai ter de o promulgar.
Enquanto a legislação regressa ao Parlamento para regressar a Belém, nem Marcelo promulga, nem o povo consegue a habitação a preços que não sejam pornográficos para o rendimento médio das famílias portuguesas.
O PS alega que é a garantia de equilíbrio no meio do radicalismo de toda a Oposição, mas nem inquilinos, nem proprietários se mostram satisfeitos com as soluções apresentadas.
Sem bala de prata para resolver uma das mais graves crises sociais do país, os socialistas ficam entregues à sua própria sorte. Não procuraram fazer consensos nem à Esquerda, nem à Direita para resolver uma crise que é responsabilidade de todos e chegarão às próximas legislativas a terem de responder sozinhos, porque simplesmente essa foi a opção que fizeram.
Quando a crise chega à classe média isso significa que ela tomou proporções que já não permitem ignorar o problema, mas há décadas que o problema da habitação é ignorado.
Ainda há milhares de pessoas a viver em condições miseráveis (bairros de lata e ilhas sem o mínimo de condições, nos arredores de Lisboa e do Porto, mas não só).
Trinta anos depois de o Estado se ter comprometido a acabar com este flagelo, a maior descriminação continua a ser com a pobreza, que o poder, de Direita ou de Esquerda, quer escondida.
Alguém acha que há um problema de habitação no Bairro da Serafina, em Lisboa, ou no Bairro do 2.º Torrão, em Almada?
Portugal, seguindo a tendência global, é um país cada vez mais polarizado, incapaz de construir pontes para resolver os maiores flagelos sociais. Quem está no poder vive depressões quando pressente o fim de festa, quem está na Oposição vive num estado de ansiedade, porque queria o poder para ontem.
Alegando que querem resolver os problemas do povo, uns e outros vivem obcecados com os seus problemazinhos, porque uns e outros têm máquinas muito grandes que só sabem viver na sombra do poder.
A habitação continuará a ser um problema por muitos anos, mesmo depois de Marcelo promulgar a legislação em causa, mesmo depois de o poder mudar de mãos.
Jornalista
DN
Paulo Baldaia
21 Agosto 2023 — 23:47
Ex-Combatente da Guerra do Ultramar, Web-designer,
Investigator, Astronomer and Digital Content Creator
published in: 1 mês ago
– “… Ainda há milhares de pessoas a viver em condições miseráveis (bairros de lata e ilhas sem o mínimo de condições, nos arredores de Lisboa e do Porto, mas não só).”
Esqueceu-se o cronista de mencionar as pessoas que habitam prédios de construção antiga com rendas de >€ 500,00 e quando o salário mínimo nacional é de € 760,00…!!! E o resto das despesas? E legislação para não permitir este abuso?
Como é que políticos, sejam eles PR, governança ou bem-aventurados da vida podem sentir as desigualdades de cidadãos a (sobre)viverem no fio da navalha? Falácias!