143: Devemos manter a paz

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🇷🇸 OPINIÃO

Durante a semana passada, tivemos outra escalada de violência no Kosovo e Metohija. O resultado do que deveria ter sido um protesto pacífico foi mais de 50 sérvios feridos e mais de 30 soldados feridos da KFOR/NATO.

Os problemas no Kosovo e Metohija existem há décadas e a situação é actualmente muito complexa e preocupante. É precisamente o diálogo conduzido sob os auspícios da UE que deve contribuir para a normalização das relações entre Belgrado e Pristina. Esse diálogo começou há mais de 10 anos e, em Abril de 2013, após negociações muito difíceis, foi assinado o Primeiro Acordo de Bruxelas.

O novo acordo de Bruxelas a 27 de Fevereiro e Ohrid a 18 de Março deste ano também representam uma tentativa de criar condições para uma vida normal para todas as pessoas no Kosovo e Metohija.

A Sérvia mostrou-se construtiva e, por sua vez, cumpriu as suas obrigações decorrentes do Acordo de Bruxelas e espera pacientemente que Pristina faça o mesmo há dez anos, e isso, antes de mais, envolve a formação da Associação dos Municípios Sérvios. Infelizmente, isso ainda não aconteceu, embora tenha sido reiterado muitas vezes, tanto por representantes da UE como por líderes europeus e americanos que esta é uma obrigação que Pristina deve cumprir.

Durante esses dez anos, a situação no Kosovo e Metohija tem-se degradado e chegámos ao ponto em que os sérvios vivem sob pressão constante, numa atmosfera de medo e incerteza, os incidentes de motivação étnica tornaram-se diários, os sérvios são presos e espancados sem fundamento, e até atingidos a tiro.

Temos de lembrar que dos 200.000 deslocados internos que deixaram Kosovo e Metohija em 1999, apenas 1,9% voltaram para as suas casas.

Resignados com esta situação, os sérvios no Kosovo e Metohija retiraram-se da vida política, insistindo no estabelecimento da Associação dos Municípios Sérvios e na retirada das forças policiais albanesas destacadas ilegalmente no norte do Kosovo e Metohija.

E em vez de contornar o problema com implementação dos acordos previamente alcançados em Bruxelas, Pristina organizou eleições locais em 4 municípios com população maioritariamente sérvia.

Os sérvios boicotaram as eleições e depois Pristina tentou que os seus próprios presidentes de câmara tomassem posse à força, embora as eleições tenham sido realizadas com apenas 3,4% da população total. Esta é a razão pela qual os sérvios saíram em protestos pacíficos.

A KFOR, por outro lado, de acordo com a resolução 1244 do Conselho de Segurança da ONU, está presente no Kosovo e Metohija, a fim de garantir a paz e a segurança.

Lamentamos muito que os soldados da KFOR tenham sido feridos durante o protesto, que, repito, devia ter sido pacífico, mas prejudicado pelas chamadas forças policiais especiais de Pristina, ganhou outra dimensão. O papel da KFOR é muito importante e sem a sua presença a situação dos sérvios seria muito pior.

Deixem-me apenas mencionar que os soldados da KFOR guardam os mosteiros medievais sérvios, incluindo o mosteiro Decani, monumento medieval que está na lista da UNESCO do património mundial em perigo.

Talvez se deva perguntar como é possível que em pleno século XXI, no coração da Europa, um mosteiro e os seus monges necessitem da protecção da KFOR. E, como se pode ver, é necessário.

Gostaria de recordar que os soldados portugueses fizeram parte da KFOR durante 20 anos e contribuíram para a preservação da segurança no Kosovo e Metohija, pelo que estamos muito gratos.

Para terminar, quero sublinhar que a Sérvia vê o seu futuro na União Europeia e trabalha neste sentido todos os dias. Mas, ao mesmo tempo, esperamos o apoio e a ajuda da UE ao longo do caminho.

A UE faz isso de várias maneiras, inclusive como mediadora no diálogo entre Belgrado e Pristina, a fim de chegar a um acordo sobre a normalização das relações.

Infelizmente, há algum tempo, as actividades estão reduzidas a acalmar as tensões e a prevenir a violência causada pelas acções unilaterais de Pristina, em vez de resolver problemas essenciais.

Todos os problemas devem ser resolvidos diplomaticamente, através do diálogo. Mas para o sucesso do diálogo é fundamental a implementação do que foi acordado.

É por isso que é necessário formar com urgência a Associação dos Municípios da Sérvia, conforme acordado em 2013, com um acordo que foi alcançado com a ajuda e mediação da UE.

Com as actuais circunstâncias geopolíticas complexas e com as desafios que o mundo inteiro enfrenta actualmente, devemos fazer tudo para preservar a paz e a estabilidade.

Embaixadora da Sérvia

D.N.
Ana Ilic
04 Junho 2023 — 00:17


Web-designer, Investigador
e Criador de Conteúdos Digitais


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