🧑⚕️ SAÚDE PÚBLICA // 💉 VACINA “INVERSA”
A vacina “inversa” remove a memória do sistema imunitário, sendo eficaz na reversão dos efeitos das doenças auto-imunes.

Mufid Majnun / Unsplash
Os investigadores da Escola de Engenharia Molecular Pritzker da Universidade de Chicago (PME) desenvolveram uma vacina inovadora que, em testes de laboratório, pode reverter completamente doenças auto-imunes como esclerose múltipla, diabetes tipo 1 e doença de Crohn — tudo isto sem desactivar o sistema imunitário.
Uma vacina típica ensina o sistema imunitário humano a reconhecer um vírus ou bactéria como um inimigo que deve ser atacado. A nova “vacina inversa” faz exactamente o oposto: remove a memória do sistema imunitário de uma molécula.
Enquanto tal eliminação de memória imunológica seria indesejada para doenças infecciosas, pode parar reacções auto-imunes, nas quais o sistema imunológico ataca os tecidos saudáveis de uma pessoa.
A vacina inversa, descrita num artigo recentemente publicado na Nature Biomedical Engineering, aproveita a forma como o fígado naturalmente marca moléculas de células quebradas com etiquetas “não atacar” para prevenir reacções auto-imunes a células que morrem por processos naturais, explica o SciTech Daily.
Os investigadores da PME associaram um antigénio — uma molécula atacada pelo sistema imunitário — com uma molécula que se assemelha a um fragmento de uma célula envelhecida que o fígado reconheceria como amiga, e não como inimiga.
A equipa mostrou como a vacina poderia parar com sucesso a reacção auto-imune associada a uma doença semelhante à esclerose múltipla.
“O que é tão excitante neste trabalho é que mostrámos que podemos tratar doenças como a esclerose múltipla depois de já haver inflamação em curso, o que é mais útil num contexto real”, explica Jeffrey Hubbell, autor principal do novo artigo
No novo estudo, os investigadores focaram-se numa doença semelhante à esclerose múltipla, na qual o sistema imunitário ataca a mielina, levando a fraqueza e dormência, perda de visão e, eventualmente, problemas de mobilidade e paralisia.
A equipa ligou proteínas de mielina ao pGal e testou o efeito da nova vacina inversa, descobrindo que o sistema imunitário parou de atacar a mielina, permitindo que os nervos funcionassem correctamente novamente e revertendo os sintomas da doença em animais.
Numa série de outras experiências, os cientistas mostraram que a mesma abordagem funcionou para minimizar outras reacções imunitárias em curso.
É necessário mais trabalho para estudar os compostos pGal de Hubbell em humanos, mas os primeiros ensaios de segurança da fase I já foram realizados em pessoas com doença celíaca, uma doença auto-imune associada ao consumo glúten.
“Ainda não existem vacinas inversas clinicamente aprovadas, mas estamos incrivelmente entusiasmados com o avanço desta tecnologia”, diz Hubbell.
ZAP //
16 Setembro, 2023
Ex-Combatente da Guerra do Ultramar, Web-designer,
Investigator, Astronomer and Digital Content Creator
published in: 6 dias ago