186: Agroalimentar quer pacto com o governo para travar subida dos preços

 

AGROALIMENTAR // IVA // REDUÇÃO // PREÇOS

Empresários exigem redução do IVA sobre alimentos transformados, congelados ou não, de 23% para 6% e comprometem-se a não incorporar nos seus lucros a redução dos 17 pontos percentuais.

© Ina FASSBENDER/AFP

A CIP – Confederação Empresarial de Portugal está apostada em conseguir que o governo baixe o IVA sobre os alimentos pré-confeccionados, congelados ou não, dos 23% actuais para a taxa mínima de 6% já no Orçamento do Estado para 2024.

E está disponível para assinar um pacto, a exemplo do acordo tripartido subscrito com a Confederação dos Agricultores e com a Associação das Empresas de Distribuição a propósito do IVA zero.

“Estamos disponíveis para assumir igual compromisso de que a redução de 17 pontos percentuais no imposto não servirá para aumentar as margens da indústria ou do comércio, e que se traduzirá numa baixa de igual dimensão no preço de venda ao público desses artigos”, garante Manuel Tarré, director da CIP em representação de associações do sector alimentar.

O tema não é novo, mas ganha novo fôlego numa altura em que a inflação continua em níveis elevados e o poder de compra dos portugueses está esmagado.

“A área alimentar não pode continuar a ser tratada como um bem de luxo”, defende o também presidente da ANCIPA e da ALIF, lembrando que o agroalimentar é o maior empregador industrial em Portugal, com 120 mil postos directos e 500 mil indirectos.

Além disso, considera que taxar uma pizza, pastéis de bacalhau, ou uma qualquer refeição pré-cozinhada comprada num supermercado a 23% de IVA é “descurar aqueles que têm menor capacidade financeira”, já que o mesmo produto comprado num restaurante é taxado a 13%.

E de que produtos estamos a falar? De artigos de mercearia, como as refeições prontas, os vegetais em conserva, chás, cafés e misturas solúveis, mas também molhos, vinagres e produtos de tomate conservados.

Também as refeições, como o tradicional bacalhau à brás ou o arroz de pato, e os vegetais congelados, como o puré, esparregado ou as batatas para fritar, pagam o IVA máximo, a par das massas, refeições e componentes refrigerados.

Artigos importantes para grupos da população “mais expostos aos custos da alimentação”, como os jovens estudantes, trabalhadores deslocados ou idosos.

O objectivo da medida, dizem os empresários, é precisamente “melhorar o acesso dos portugueses à alimentação”, bem como “aumentar a justiça fiscal e fazê-la convergir com a União Europeia”.

A CIP fez a comparação do IVA aplicado aos vários tipos de alimentos nos principais países da Europa e conclui que, “em Portugal, a taxa é cerca do triplo da média europeia” (ver tabela).

Um estudo encomendado à Deloitte, e com base nos dados da Nielsen sobre quanto vale este mercado em Portugal, mostra que a redução do IVA para 6% levaria a uma quebra de receita fiscal da ordem dos 110 milhões de euros ao ano, mas que, acredita a CIP, seria compensada com o aumento do consumo.

“Na verdade, não é uma quebra, deixaria era de haver um abuso fiscal como que tem havido e que penaliza os portugueses comparativamente a toda a Europa”, argumenta Manuel Tarré.

Sobre a altura escolhida para retomar esta reivindicação, a CIP aponta o superavit nas contas do Estado, “que tem vindo a arrecadar mais impostos do que o esperado”, ao mesmo tempo que as famílias vivem “com muitas dificuldades”.

E, por isso, a baixa do IVA é vista como “um importante contributo do Ministério das Finanças para o objectivo macroeconómico de baixar a taxa de inflação, a qual continua alta, e a reduzir os rendimentos reais dos portugueses”.

O dirigente da CIP garante, no entanto, que esta reivindicação nada tem a ver com o IVA zero. “O foco é a passagem dos produtos transformados de 23% para 6%.

O IVA zero é uma medida transitória, o governo sempre o disse, e que até tem um impacto ligeiro comparativamente ao que propomos. Uma redução de 17 pontos percentuais seria muito mais sentida no bolso dos portugueses”, argumenta.

Ilídia Pinto é jornalista do Dinheiro Vivo

DN
Ilídia Pinto
31 Agosto 2023 — 00:04


Ex-Combatente da Guerra do Ultramar, Web-designer,
Investigator, Astronomer and Digital Content Creator



published in: 4 semanas ago

 

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96: Factura da luz pode baixar 15% graças a projecto português

 

🔌ELECTRICIDADE // FACTURA // REDUÇÃO

O projecto TradeRES desenvolve novas abordagens e modelos de mercado de electricidade, assentes num sistema quase 100% renovável.

Os modelos de mercado tradicionais de energia eléctrica, sobretudo no grossista, mantêm o modelo há décadas, desde que foram criados.

As ofertas de compra e venda de energia são feitas na véspera – e isso não permite perceber estimativas realistas da produção de energia disponível no dia seguinte.

O que isto origina? Desperdício de uma enorme parte da produção proveniente de fontes de energia renovável.

Há investigadores portugueses que querem mudar isso.

Um grupo de investigadores do Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP) está a desenvolver um modelo de mercado de electricidade inovador e 100% limpo.

É um sistema quase 100% renovável e que poderá permitir que cada família pague menos 15% pela electricidade que utiliza.

O projecto chama-se TradeRES e incentiva operações e investimentos eficientes, garantindo um fornecimento estável de electricidade, mantendo os custos baixos e distribuindo os riscos de forma justa.

É um modelo que envolve uma elevada integração de fontes de energia renovável em mercado, suportada pelo desenvolvimento de novos modelos de mercado eficientes, testados e validados num ambiente de simulação sofisticado.

As três fases do TradeRES são: modelar e simular novos agentes, procedimentos e mecanismos de mercado; desenvolver ferramentas de acesso aberto e analisar mercados de electricidade com quase 100% de energia renovável; por último, envolver as principais partes interessadas no desenvolvimento, melhoria e uso das novas ferramentas de simulação de mercado.

Na informação enviada ao ZAP, lêem-se as sugestões do grupo do ISEP: encurtamento do horizonte das ofertas em mercado (de um dia de antecedência para apenas alguns minutos), redução da dimensão dos períodos de negociação (de períodos de horas para minutos) e incorporação de modelos que permitem lidar com as incertezas da produção e a sua variabilidade.

“Na verdade, a operação do sistema eléctrico baseado em fontes como o vento, que varia constantemente e de forma por vezes abrupta requer que outras fontes sejam conjugadas de forma optimizada para que não falte energia em cada instante.

O consórcio do TradeRES combina esforços de grupos de investigação, bem como universidades, uma grande concessionária de energia eléctrica, uma empresa de optimização da gestão de energia e uma empresa de previsão de produção de energia renovável, num total de seis países europeus” explicou a responsável Zita Vale.

O projecto está na fase final de concretização e já tem resultados preliminares: uma família convencional (4 pessoas por habitação) pode reduzir até 15% os custos da conta de energia se as propostas do TradeRES forem adoptadas.

Além da poupança na factura da luz, o projecto antevê poupança do ambiente.

ZAP //
19 Julho, 2023



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