– Numa superfície onde costumo comprar, o Azeite Virgem Extra Selecção 750 ml (ainda) custa € 6,48
🇵🇹 PORTUGAL // 🫒 AZEITE // 💰 AUMENTOS
O preço do azeite continua a aumentar nas prateleiras dos supermercados – e essa tendência pode agravar-se. Nesta altura, já há supermercados a venderem garrafas de 750 mililitros por 13 euros.
(CC0/PD) stevepb / Pixabay
As quebras de produção devido à seca estão a ir ao bolso dos consumidores de azeite. O preço deste produto tem vindo a subir nas prateleiras dos supermercados, mas os valores estão a atingir níveis preocupantes.
Em apenas uma semana, o preço do azeite aumentou de forma significativa e há consumidores a queixarem-se de que pagaram mais de 10 euros, ou até de 13 euros, por garrafas de 750 ml de azeite de melhor qualidade. Mas até o azeite mais corrente está muito mais caro.
O Observatório de Preços da Cadeia de Abastecimento Agro Alimentar, que faz a monitorização do valor da produção, indica um aumento de apenas 14 cêntimos no preço de venda do azeite por parte do produtor, no último mês. O valor está nos 6,37 euros por litro, quase mais dois euros do que em 2022, como reporta o Jornal de Notícias (JUN).
Então, o que explica os preços muito mais elevados nos supermercados? Tem tudo a ver com “as dinâmicas próprias de abastecimento de cada insígnia, de acordo com os stocks disponíveis”, explica ao JN uma fonte da empresa Dia Portugal que detém o Minipreço.
“Não havendo stock de produto, todas as novas compras efectuadas a fornecedores desde o dia 1 de Setembro já reflectem estes aumentos anunciados com a consequente transposição para os lineares das nossas lojas”, realça a mesma fonte.
A maior quebra na produção mundial da última década
“Os novos preços praticados justificam-se pelas maiores quebras de produção mundiais de azeite da última década, que chegam a atingir valores na ordem dos 40-50%”, acrescenta a fonte da Dia Portugal.
A par da escassez de produção, há também “questões climatéricas como a seca severa e extrema que se tem sentido na Península Ibérica” que contribuem para “previsões de más campanhas agrícolas para 2023-2024 com, provavelmente, novas quebras de produção com novos e substanciais aumentos nos preços da matéria-prima”, destaca a mesma fonte.
Os consumidores de azeite ficam, assim, avisados de que os preços vão continuar a aumentar. A DECO recomenda que devem sempre comprar preços entre diversos espaços comerciais.
O azeite é considerado um bem essencial de primeira necessidade e, por isso, está abrangido pelo IVA 0%.
– Não há ku c’aguente este aumento de custo de vida! Pelo menos na zona dos mais desfavorecidos da sociedade! Os ricos, esses, safam-se sempre!
🇵🇹 PORTUGAL // 💰AUMENTOS // PRODUTOS E SERVIÇOS
Café, açúcar, água mineral, gás natural, aulas de condução e consultas médicas são alguns exemplos dos 54 produtos e serviços que registam, em Portugal, um aumento anual de preços acima da média observada na zona euro.
Uma análise feita pela CNN à variação do custo anual de 166 bens e serviços, mostra como, um em cada três produtos desta lista, encareceu mais em Portugal – e há casos onde o valor pago por esse artigo é 60% mais alto hoje do que em Julho de 2022.
É o caso do Açúcar, que segundo os dados do Eurostat, o órgão estatístico da União Europeia, registou em Portugal, em Julho, um aumento de 60% face ao mesmo período do ano passado. No mesmo período, o preço do açúcar aumentou 50,6% no conjunto dos países que compõem a zona euro.
No conjunto da União Europeia apenas há, aliás, dois países em que o preço aumentou mais do que em Portugal: na Alemanha, onde o aumento atingiu os 73% e na Eslováquia, onde o aumentou chegou aos 60,3%.
Mas há vários produtos à base de açúcar que registaram maiores aumentos em Portugal do que a média do crescimento de preços desses mesmos artigos nas outras 19 economias que constituem a zona euro, como o chocolate, o mel, a compota, a marmelada e a generalidade dos produtos de confeitaria – estes últimos cresceram 16,1% face aos 15,6% registados nos outros países.
Também o sal encareceu mais em Portugal do que a média da zona euro, registando um aumento de 19,7% contra os 18,6% registados na zona euro. Situação semelhante registou-se no preço dos molhos, especiarias e ervas culinárias.
O café, que custa mais 9,5% no momento da compra, e a alimentação para bebés, que registou um crescimento de preços anual de 18%, continuam acima da média do euro (6,8% e 12,5%, respectivamente)
O preço da água mineral registou um aumento de preço na ordem dos 13,3% – face aos 10% observados na média da zona euro – e os licores e as bebidas destiladas encareceram 7,8% em Portugal, acima da média do conjunto das outras economias (6,8%).
As rendas para a habitação pagas em Portugal ficaram mais caras (registando uma subida de 4,7%) do que na generalidade da zona euro, mas também os custos da manutenção da casa, a contratação de electricistas e de pintores e o fornecimento de água seguiram a mesma direcção.
Já o gás e o gás natural, em Portugal, registaram aumentos de 7,8%, no primeiro caso, e de 22,6%, no segundo. A média da zona euro seguiu uma trajectória diferente: em ambos os casos houve uma descida de preços na ordem dos 5,2%.
Um rumo semelhante abrangeu a quase totalidade dos preços dos serviços ligados à saúde em Portugal, que na sua totalidade, subiram 5%, mais dois pontos percentuais do que a média registada na zona euro.
Em particular, esse aumento foi mais expressivo nas consultas de análises laboratoriais e naquelas que envolvem a realização de Raios X. Em Portugal, o preço deste serviço subiu, desde Julho de 2022, 7% e na média das economias da União Europeia, desceu 0,5%.
A variação de preços também foi maior em Portugal nas consultas de medicina geral (3,7%) e nas de especialidade (3,4%), tal como nas consultas de medicina dentária, onde a média do aumento de preços na zona euro se situou nos 3,1% e, no País, a subida registada foi de 3,8%.
Igualmente, segundo dados do Eurostat, o preço dos produtos e equipamentos médicos estão 5,9% mais altos em Portugal – na zona euro a média de subida foi 3.3% – e o valor dos produtos farmacêuticos cresceu 6,1% desde o ano passado, registando uma subida superior à média das outras 29 economias que foi de apenas 2,5%.
Comprar um veículo em Portugal é 4% mais caro hoje, mas a subida registada é inferior à média da zona euro (5,9%). Já tirar a carta de condução encareceu mais em Portugal do que no conjunto dos países da zona euro.
O valor das aulas práticas e de código, tal como dos exames de condução subiu 6,1% face aos 2,8% de aumento registado na média da zona euro.
Também o preço de alguns transportes de passageiros registou o mesmo fenómeno, sendo caso de quem apanhe o autocarro, o metro ou o eléctrico.
No primeiro, o custo aumentou 1% e no segundo e terceiro encareceu 2,6%. Já na zona euro registou-se uma descida no preço dos bilhetes de autocarro e um aumento mais ligeiro (1,4%) no valor do eléctrico e na generalidade dos transportes subterrâneos.
Confira os preços que estão a subir mais do que na zona euro
Taxa de variação entre Julho de 2022 e Julho de este ano
Produto ou serviço (taxa de variação em Portugal; taxa de variação na zona euro)
Alimentação
Carnes secas, salgadas ou fumadas (11,3%; 9,6%) || Açúcar (60%;50,6%) || Açúcar, compota, mel, chocolate e produtos de confeitaria (18,9%; 16,7%) || Doces, marmeladas e mel (16,9%; 14,4%) || Chocolate (13,7%; 13,2%) || Produtos de pastelaria (16,1%; 15,6%) || Molhos e condimentos (19,7%; 18,6%) || Sal, especiarias e ervas aromáticas (12,3%; 11%) || Comida para bebé (18%; 12,5%) || Cacau e chocolate em pó (26,2%; 16,3%) || Fruta fresca ou refrigerada (16,2%; 11,6%) || Fruta (14,6%; 11%)
Bebidas
Bebidas não alcoólicas (13,1%; 11,4%) || Café, chá e cacau (11,4%; 7,7%) || Café (9,5%; 6,8%) || Águas minerais, refrigerantes, sumos de fruta e de legumes (13,9%; 13,4%) || Águas minerais (13,3%; 10,9%) || Refrigerantes (14,5%; 12,9%) || Bebidas espirituosas (7,8%; 6,9%) || Bebidas espirituosas e licores (7,8%; 6,8%)
Habitação
Rendas para habitação (4,7%; 2,7%) || Rendas efectivas pagas pelos inquilinos (4,7%; 2,7%) || Manutenção e reparação da habitação (9,3%; 6,7%) || Serviços de canalizadores (8,1%; 6,5%) || Serviços de electricistas (10%; 5,7%) || Serviços de pintores (12,2%; 6,7%) || Abastecimento de água e serviços relacionados com a habitação (5,3%; 4,3%) || Gás (7,8%; -5,2%) || Gás natural e gás de cidade (22,6%; -5,2%) || Mobiliário de casa (7,2%; 5,2%) || Frigoríficos, congeladores e frigoríficos-congeladores (6,5%; 3,4%) || Máquinas de café e de chá (8,6%; 6,6%) || Serviços domésticos e serviços prestados às famílias (7,9%; 6,3%) || Serviços de limpeza (8,3%; 5%) ||
Saúde
Saúde (5%; 3%) || Produtos, aparelhos e equipamentos médicos (5,9%; 3,3%) || Produtos farmacêuticos (6,1%; 3,6%) || Óculos de correcção e lentes de contacto (4,7%; 2,7%) || Serviços médicos e paramédicos (5%; 2,2%) || Medicina geral e familiar (3,7%; 2,1%) || Medicina especializada (3,4%; 2,3%) || Medicina dentária (3,8%; 3,1%) || Análises clínicas e centros de Raio X (7%; -0,5%) || Banhos termais, ginástica correctiva, ambulância e aluguer de material terapêutico (12,5%; 5,8%) ||
Transportes e comunicações
Aulas de condução, exames, cartas de condução e testes de aptidão para a condução (6,1%; 2,8%) || Transporte de passageiros em metro e eléctrico (1%; -1,3%) || Comunicações (3,8%; -0,1%) || Serviços postais (7,4%; 3,9%) || Serviços de acesso à Internet (3,7%; 0,9%) || Serviços de telecomunicações em pacote (5,4%; 2,8%)
Turismo e restauração
Restaurantes e hotéis (12,6%; 7,6%) || Restaurantes, cafés e similares (9,3%; 7,2%)
Outros
Cinemas, teatros, concertos (9,8%; 5,2%) || Salões de cabeleireiro e de cuidados pessoais (5,4%; 5%)
IVA Zero ajuda a descer preços
Ainda segundo os dados do Eurostat, analisando uma amostra de 18 produtos que fazem parte do cabaz de alimentos que o Governo português decidiu que, a partir de meados de Abril, deixariam de ser tributados com o Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA), verifica-se que o desaparecimento do imposto permitiu uma descida generalidade dos preços desde Março até Julho, mas que, ainda assim, há produtos cujo preço aumentou.
Do lado dos preços em queda pode verificar-se que, por exemplo, os vegetais registaram uma queda de 10% entre Março e Julho, o preço do leite caiu 6,9% e o frango 2,9%.
Mas, ainda assim, foram registadas subidas, por exemplo, no valor das batatas que ficou ligeiramente mais caro (0,1%) e da fruta que, no geral, subiu mais de 7%, registando até um aumento superior à média da zona euro (4,5%).
A carne, em geral também viu o preço descer entre Março e Julho (0,8%), com a carne de vaca e vitela a cair 2,5% e o preço da carne de porco a recuar 3,5%.
Confira os preços
Taxa de variação entre Março e Julho de 2023
Produto ou serviço (taxa de variação em Portugal; taxa de variação na zona euro)
Batatas (0,1%; 13,8%) || Vegetais (-11%; -6,2%) || Fruta (7,3%; 4,6%) || Fruta fresca ou refrigerada (8,6%; 5,3%) || Azeite (-4,9%; 8,9%) || Manteiga (-7%; -1,7%) || Ovos (-6,2%; 0,5%) || Iogurtes (-10%; -0,2%) || Queijo e requeijão (-6,9%; -0,7%) || Leite fresco gordo (-6,9%; -2,9%) || Peixe e marisco (-5,2%; 0,6%) || Aves (-2,9%; 0,5%) || Carne (-0,9%; 2%) || Carne de vaca e de vitela (-2,5%; 1%) || Carne de porco (-3,5%; 3%) || Produtos de massa e cuscuz (-7,1%; 0,9%) || Pão (-6,6%; 0,7%) || Arroz (-5,4%; 3,1%).