237: Epidemiologista diz que Portugal tem média diária de 10 óbitos por covid-19

 

– “… é “uma medida inteligente” as pessoas que estão infectadas ou têm sintomas como tosse, espirros, utilizarem por iniciativa própria, máscara para proteger os outros com os quais contacta no trabalho, nos transportes públicos, etc.”

🇵🇹 ⚕️ SAÚDE PÚBLICA // ⚰️ ÓBITOS // 🦠💀 COVID-19

Há 200 a 300 casos por dia, mas tal não representa a realidade. Prioridade é vacinar o máximo de pessoas de risco nas primeiras 10 semanas.

Portugal está com uma média diária de dez óbitos por covid-19 e entre 200 a 300 novos casos, números que representam “uma grande subestimação”, porque a maioria dos infectados já não reporta a situação, segundo o epidemiologista Carmo Gomes.

A poucos dias do arranque da campanha de vacinação sazonal de vacinação contra a covid-19 e a gripe (29 de Setembro), Manuel Carmo Gomes analisou a situação epidemiológica em Portugal do coronavírus SARS-CoV-2, que causa a covid-19.

“Durante o verão o número de notificações de casos positivos de covid-19 manteve-se bastante estável entre os 200 e os 300 novos casos por dia. São os casos que temos conhecimento e representam uma grande subestimação relativamente à realidade porque a maior parte das pessoas agora faz um auto-teste e não reporta”, disse à agência Lusa o professor da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.

Segundo o epidemiologista, os casos notificados derivam das pessoas que são internadas e fazem o teste à covid-19 que dá positivo ou de pessoas que estão mais preocupadas com o seu estado de saúde e vão aos cuidados de saúde primários e fazem o teste.

Analisando a circulação do vírus no verão, Manuel Carmo Gomes, membro da Comissão Técnica de Vacinação contra a Covid-19, disse que em Junho e Julho registou-se um número mínimo de casos diários, abaixo dos 180, tendo subido em Agosto, chegando a atingir 600 a 650 casos por dia.

“Não há uma explicação segura acerca das razões pelas quais subiram. Provavelmente foram os mega acontecimentos que ocorreram em Agosto, com grandes aglomerados de pessoas”, mas essa subida parou e, neste momento, “já uma reversão” e “as coisas parecem estar a normalizar”, adiantou.

Manuel Carmo Gomes destacou o facto de o vírus não ter apresentado este verão, e ao longo de 2023, uma sazonalidade muito forte, ao contrário, por exemplo, da gripe.

“A covid manteve-se sempre circular com uma actividade bastante notável ao longo de todos os meses do verão e é previsível que agora os casos venham a subir com a entrada do outono, porque evidentemente as pessoas começam a estar mais tempo em recintos fechados não arejados, as escolas e o trabalho recomeçam, etc. Portanto, é de esperar que os casos agora voltem a ter um ressurgimento”.

No que diz respeito às unidades de saúde, o especialista disse que “o verão também foi muito estável”, com aproximadamente cerca de 200 pessoas internadas diariamente a testar positivo para a covid-19, sendo que muitas delas estavam internadas por outras razões de saúde. Destas 200, cerca de 10% estavam em cuidados intensivos, não necessariamente por causa da covid-19.

“Também em Agosto, com a subida dos casos, houve uma ligeira subida nos hospitalizados que testaram covid-19”, assinalou.

De acordo com o epidemiologista, os óbitos também estiveram sempre muito estáveis ao longo de todo o verão e variaram entre os três a seis óbitos por dia, tendo-se registado um mínimo em Junho (uma média de três óbitos diariamente) e uma subida em Agosto associada ao aumento de casos.

“Em finais de Agosto, Portugal atingiu os 10 óbitos por dia e é aí que estamos neste momento”, com uma média de 10 mortes por dia.

“Portanto, a covid continuou entre nós, não deu sinal de desaparecer, ao contrário de muitas outras doenças respiratórias (…) e continuou a evoluir sempre no sentido de fugir aos nossos anticorpos”, comentou, adiantando que desde Março se tornou dominante a sub-variante XBB do coronavírus que teve “muitas descendentes”, sendo a XBB.1.5 uma das “mais abundantes” e que vai ser utilizada na vacina contra a covid-19.

Prioridade é vacinar o maior número de pessoas de risco nas primeiras 10 semanas

Manuel Carmo Gomes apontou como “primeira prioridade” na campanha de vacinação que arranca em 29 de Setembro imunizar logo no início o maior número possível de pessoas de “grande risco”, já que a covid-19 não vai desaparecer.

“Não vale a pena ter ilusões de que vamos conseguir interromper a circulação do vírus. Não há país nenhum neste momento que tenha essa ilusão.

Portanto, a primeira prioridade é tentar cobrir, o mais possível, as pessoas que são de grande risco nas primeiras 10 semanas [da campanha de vacinação]”, para prevenir a doença grave e não sobrecarregar os hospitais.

“Se evitarmos que haja um número muito grande de pessoas a ir parar aos hospitais, estamos a reduzir o impacto e o objectivo é esse: proteger vidas e proteger também o sistema nacional de saúde, portanto, daí a razão de se dar prioridade a estas pessoas e é isso que vai acontecer”, reiterou.

Carmo Gomes, membro da Comissão Técnica de Vacinação contra a covid-19, afirmou que o vírus que está a circular não é o mesmo do início do ano, com capacidade de fugir aos anticorpos, sendo que a maioria da população já foi vacinada ou infectada há vários meses, o que faz com que a concentração de anticorpos no sangue esteja muito baixa.

Contudo, explicou o professor da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, a população continua protegida de doença grave, porque há uma parte do sistema imunitário que se mantém protector, o que se chama “imunidade celular”.

“Os anticorpos podem baixar, nós podemos ser infectados, mas a imunidade celular, que é uma segunda barreira de defesa do sistema imunitário, continua a proteger-nos contra doença grave e não há evidência (prova) que todo este novo jardim zoológico de sub-variantes do vírus seja capaz de vencer a nossa imunidade celular a não ser nas pessoas que têm doenças crónicas, as pessoas mais idosas que têm um sistema imunitário mais em baixo, imunocomprometido por qualquer razão. E são estas pessoas que nós priorizamos agora para a vacinação”, realçou.

Segundo o especialista, a vacina que vai ser administrada contra a covid-19 é monovalente, dirige-se apenas à sub-variante XBB.1.5 do coronavírus SARS-CoV-2, mas protege “contra a esmagadora maioria das variantes que estão a circular do vírus neste momento”, sendo que “não houve felizmente evidência (prova) de que estas novas sub-variantes sejam mais patogénicas”.

Manuel Carmo Gomes avançou que se sobrarem vacinas, provavelmente, serão disponibilizadas para toda a população que se queira proteger, mas ressalvou que a prioridade são as pessoas com risco significativo de ter doença severa.

“Nós sabemos que o risco de ir parar ao hospital de uma pessoa com mais de 70 anos, nomeadamente os mais idosos, os maiores de 70 e de 80, é muito maior do que uma pessoa de 50, 40, 30 anos”, vincou.

Questionado sobre se as pessoas mais vulneráveis deviam usar por sua iniciativa máscara em locais fechados com aglomerados de pessoas, o epidemiologista disse que é uma “medida inteligente” e que deve ser adoptada por “pessoas que não querem ser infectados de maneira nenhuma, e há 1.001 boas razões para não querer ser infectado, nomeadamente as pessoas que são mais frágeis ou que contactem com pessoas muito frágeis em casa, por exemplo”.

“Não creio que existam razões para estar a impor, excepto em situações muito particulares, como unidades de saúde, locais onde estão pessoas muito fragilizadas, a utilização de máscara neste momento. Não quer dizer que daqui a dois meses não mude de opinião (…).

Agora as pessoas têm que ter consciência de que têm que se proteger”, nomeadamente em locais onde o ar não está ventilado, espaços fechados com grandes concentrações de pessoas.

Por outro lado, também é “uma medida inteligente” as pessoas que estão infectadas ou têm sintomas como tosse, espirros, utilizarem por iniciativa própria, máscara para proteger os outros com os quais contacta no trabalho, nos transportes públicos, etc.

DN/LUSA
20 Setembro 2023 — 13:49


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80: Calor provoca 61.672 mortes na Europa e mais de 2 mil em Portugal

 

🇵🇹 PORTUGAL // ☀️ CALOR // ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS

Por toda a Europa foram registados altos números de mortes causadas pelas elevadas temperaturas durante o verão de 2022. De acordo com os dados agora conhecidos as faixas etárias mais velhas foram as com piores índices, principalmente as pessoas com 80 ou mais anos.

O verão de 2022 bateu recordes de temperatura em toda a Europa.
© João Manuel Ribeiro/Global Imagens

O verão de 2022 foi marcado pelo calor intenso que se fez sentir por todo o continente europeu, que acabou por ajudar a provocar inúmeros incêndios florestais e a seca extrema em diversas regiões.

Além dos hectares ardidos durante o ano – Portugal foi o segundo país da Europa mais afectado, com, por exemplo, 153 fogos a queimarem uma área de 949 km2 – também as mortes alcançaram números alarmantes.

De acordo com um estudo divulgado ontem pela revista científica Nature Medicine, ocorreram cerca de 61.672 mortes relacionadas com o calor na Europa, entre 30 de Maio e 4 de Setembro de 2022.

Este número foi semelhante apenas ao recorde de excesso de mortalidade de Junho, Julho, Agosto e Setembro de 2003, que chegou a atingir as 71.449 mortes por motivos directamente relacionados com o calor.

Das 61.672 mortes atribuídas ao pico de calor, uma grande parte está concentrada nos países mais próximos do Mar Mediterrâneo. Neste caso, em Itália terão ocorrido 18.010 mortes, em Espanha 11.324 e na Alemanha 8.73 – equivalente a mais de metade de todos os óbitos.

Em Portugal, o número de mortes causada pelas altas temperaturas atingiu mais de 2.000 pessoas, especialmente idosos com idade superior aos 80 anos.

Quanto à taxa de mortalidade, Itália ocupa o topo da lista com 295 mortes por milhão, seguindo-se a Grécia com 280, Espanha com 237, e Portugal, em quarto lugar, com 211 mortes por milhão.

De acordo com os resultados do trabalho da Nature Medicine, houve um grande aumento da mortalidade sobretudo durante os meses de Junho e Agosto de 2022, quando se registaram as temperaturas mais altas.

Tendo em conta a população, a análise estima que a mortalidade devido ao calor afectou mais as mulheres que os homens (mais 56%). Assim sendo, globalmente, cerca de 114 mortes por milhão foram relacionadas com o calor, sendo 145 mulheres e 93 mortes masculinas por milhão.

Já em termos de idade, as pessoas mais idosas são as mais afectadas. Logo, a taxa de mortalidade também aumentou tendo em conta a idade, com 16 , 160 e 1.684 mortes por milhão nos grupos etários 0-64, 65-79 e 80+ anos, respectivamente

O estudo, que teve como base dados de mortalidade do Eurostat, envolveu cientistas do Instituto Nacional de Saúde e Investigação Médica (Inserm) de França e do Instituto de Saúde Global de Barcelona (ISGlobal) que analisaram dados de temperatura e mortalidade para o período 2015-2022.

Os responsáveis contabilizaram mortes de 823 regiões em 35 países europeus, representando um total de população de 543 milhões de pessoas.

Nesse contexto, construíram ainda modelos epidemiológicos para prever a mortalidade para todas regiões durante todas as semanas do verão de 2022.

Face as consequências das alterações climáticas, os autores deste estudo frisam que os resultados divulgados ontem devem consciencializar as autoridades da União Europeia a aumentar “urgentemente a ambição e a eficácia dos planos de prevenção e adaptação ao calor”.

Isto porque o aquecimento “não vai abrandar”, antes pelo contrário, “as previsões alertam para o seu aumento”.

“É um número muito alto de mortes. Conhecíamos os efeitos do calor na mortalidade com o precedente de 2003, mas com esta análise vemos que ainda há muito trabalho a fazer para proteger as populações”, disse à agência France Presse o investigador do Inserm e co-autor do estudo Hicham Achebak.

De acordo com as estimativas dos cientistas, sem uma resposta efectiva o continente europeu vai enfrentar uma média de mais de 68.000 mortes todos os Verões até 2030 e mais de 94.000 até 2040.

Com Lusa

DN
Inês Dias
11 Julho 2023 — 00:50



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58: Clima. Mais de 16.000 morreram em 2022, ano em que a Europa aqueceu mais 2,3°C

 

🌎 ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS // 🌡️ AQUECIMENTO

Relatório “Estado do Clima” na Europa 2022 indica que o continente europeu tem aquecido duas vezes mais do que a média global desde a década de 1980, com forte impacto no tecido socioeconómico e nos ecossistemas da região.

© NICOLAS ASFOURI/AFP

Mais de 16 mil europeus morreram na sequência das alterações climáticas em 2022, ano em que a Europa aqueceu mais 2,3 graus em relação ao período pré-industrial (1850-1900), anunciaram esta segunda-feira a ONU e o programa da União Europeia Copernicus.

De acordo com o relatório “Estado do Clima” na Europa 2022, o continente europeu tem aquecido duas vezes mais do que a média global desde a década de 1980, com forte impacto no tecido socioeconómico e nos ecossistemas da região.

Os riscos meteorológicos, hidrológicos e climáticos no ano passado afectaram directamente 156.000 pessoas e provocaram 16.365 mortes, segundo o Banco de Dados de Situações de Emergência (EM-DAT).

Os mais de 16.000 óbitos ocorreram sobretudo devido às ondas de calor.

No entanto, cerca de 67% dos eventos foram inundações e tempestades, representando a maior parte dos prejuízos económicos totais de quase dois mil milhões de dólares (1,83 mil milhões de euros ao câmbio actual).

“A carga térmica recorde que os europeus vivenciaram em 2022 foi um dos principais impulsionadores do excesso de mortes relacionadas com o clima na Europa. Infelizmente, isso não pode ser considerado um caso pontual ou uma surpresa”, considerou o director do Serviço de Monitorização das Alterações Climáticas do Copernicus (C3S), Carlo Buontempo.

“A nossa percepção do sistema actual climático e a sua evolução diz-nos que este tipo de eventos fazem parte de um padrão que tornará os pontos de carga térmica mais frequentes e intensos em toda a região”, acrescentou.

O relatório agora divulgado coincide com a sexta edição da conferência de adaptação climática da Europa, ECCA 2023, que decorre entre hoje e quarta-feira, em Dublin, na Irlanda.

“Em 2022, muitos países do oeste e sudoeste da Europa registaram o seu ano mais quente de sempre. O verão foi o mais quente já registado”

Desde 1980, as catástrofes provocadas pelas alterações climáticas provocaram a morte de 195.000 pessoas, segundo a Agência Europeia do Ambiente (EEA).

“Em 2022, muitos países do oeste e sudoeste da Europa registaram o seu ano mais quente de sempre. O verão foi o mais quente já registado”, disse o secretário-geral da Organização Meteorológica Mundial (OMM), Petteri Taalas.

Citado em comunicado, Taalas sustentou que as temperaturas altas agravaram as condições de seca severa e generalizada, estimularam os incêndios florestais violentos — que resultaram na segunda maior área ardida já registada — e causaram milhares de mortes devido ao excesso de calor.

Vários países, incluindo Portugal, Bélgica, França, Alemanha, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Espanha e Suíça e Reino Unido tiveram o seu ano mais quente já registado.

A temperatura média anual do último ano ficou entre a segunda e a quarta mais alta já registada, com uma anomalia de cerca de 0,79 graus acima do normal de 1991-2020.

A precipitação esteve abaixo da média em grande parte da região em 2022 e as taxas de aquecimento da superfície oceânica, particularmente no oriente do mar Mediterrâneo, nos mares Báltico e Negro e no sul do Árctico foram de três vezes mais a média global.

DN/Lusa
19 Junho 2023 — 13:19


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16: OMS declara o fim da pandemia de covid-19. Fez 20 milhões de mortos

 

COVID-19 // OMS // MORTOS

O secretário-geral da Organização Mundial de Saúde assume que a doença deixou de ser uma emergência global, mas “isto não significa que tenha deixado de ser uma ameaça para a saúde”.

© Fabrice COFFRINI / AFP

A Organização Mundial de Saúde (OMS) anunciou esta sexta-feira o fim da pandemia de covid-19, três anos e quatro meses depois de ter sido decretada, mais concretamente a 11 de Março de 2020.

“É, com grande esperança, que declaro o fim da covid-19 como uma emergência de saúde global. Contudo, isto não significa que a covid-19 tenha deixado de ser uma ameaça para a saúde a nível global.

Na semana passada, a covid-19 tirou uma vida a cada três minutos e estas são apenas as mortes de que temos conhecimento”, disse Tedros Ghebreyesus, director-geral da OMS.

De acordo com aquele responsável, a pandemia provocou a morte de “pelo menos 20 milhões de pessoas” em todo o mundo, quase três vezes mais do que aquilo que é a estimativa oficial. Terão sido ainda diagnosticados mais de 765 milhões de infecções.

Em conferência de imprensa, Tedros Ghebreyesus reforçou a ideia de que a doença não deve ser desvalorizada após este anúncio, assegurando que ela continua a ser um risco para a saúde.

“Este é o tempo dos países fazerem a transição do modo de emergência para a começarem a gerir a covid-19 juntamente com outras doenças infecciosas”, disse o secretário-geral da OMS, acrescentando que esta “não foi uma decisão precipitada”.

“Trata-se de uma decisão que foi ponderada com cuidado durante algum tempo, planeada e tomada com base numa análise atenta dos dados. Se for necessário, não hesitarei em convocar outro comité de emergência caso a covid-19 volte a colocar o nosso mundo em perigo”, acrescentou.

Em Portugal, os primeiros casos desta doença foram diagnosticados a 2 de Março de 2020 e, duas semanas depois, o País entrava no seu primeiro estado de emergência. No total, Portugal contabilizou 26 mil mortos, sendo que mais de 5,5 milhões de pessoas contraíram o vírus.

É o “momento certo” de avançar para a gestão da doença

O comité de emergência da OMS considerou ser este o “momento certo de avançar” para a gestão da covid-19, que deixou de ser um “evento incomum e inesperado” que justifique um nível de alerta mais elevado.

“Embora a emergência de saúde pública global (PHEIC, na sigla em inglês) tenha sido um instrumento valioso para apoiar a resposta global à covid-19, o comité concordou que é o momento certo para avançar para a gestão a longo prazo do SARS-CoV-2 como um problema de saúde contínuo”, adiantou a OMS em comunicado.

Na reunião de quinta-feira, os peritos do comité avaliaram a situação da pandemia à luz dos três critérios definidos na PHEIC: Se a covid-19 continuava a constituir um evento extraordinário, se se mantinha o risco de saúde pública para outros Estados através da disseminação internacional e se potencialmente requeria uma resposta internacional coordenada.

De acordo com a OMS, o comité de emergência considerou que, embora o SARS-CoV-2 continue a circular e a evoluir, com o risco de surgimento de novas variantes, “já não constitui um evento incomum ou inesperado”, mas Tedros Adhanom Ghebreyesus salientou que pode voltar a convocar esse órgão, se a situação vier a exigi-lo.

“Chegar ao ponto em que a covid-19 pode ser considerada como não constituindo mais uma PHEIC deve ser visto como um reconhecimento à coordenação internacional e ao compromisso com a saúde global”, destacaram ainda os especialistas.

Na sequência da decisão hoje tomada, a OMS recomendou aos países que actualizem os planos de preparação para pandemias de agentes patógenos respiratórios, incorporando as aprendizagens da covid-19, e que restaurem os programas de saúde afectados pela pandemia.

Além disso, devem integrar a vacinação contra a covid-19 nos programas de vacinação ao longo da vida, assim como manter os esforços para aumentar a cobertura vacinal contra a covid-19 para todas as pessoas dos grupos de alta prioridade.

A organização recomendou ainda que os países continuem a levantar as medidas de saúde relacionadas com viagens internacionais, com base em avaliações de risco, e a deixar de exigir comprovativos de vacinação como pré-requisito para essas deslocações.

No seu parecer à OMS, os membros do comité destacaram a tendência decrescente das mortes por covid-19, a diminuição das hospitalizações e dos internamentos em unidades de cuidados intensivos e os elevados níveis de imunidade da população mundial ao SARS-CoV-2.

Segundo a OMS, a nível global, foram administradas cerca de 13,3 mil milhões de doses de vacinas contra a covid-19.

Actualmente, 89% dos profissionais de saúde e 82% dos adultos com mais de 60 anos completaram a vacinação primária, embora a cobertura nesses grupos prioritários varie em diferentes regiões do mundo.

“A covid-19 deixou — e continua a deixar — cicatrizes profundas no nosso mundo. Essas cicatrizes devem servir como um lembrete permanente do potencial de surgimento de novos vírus, com consequências devastadoras”, alertou Tedros Adhanom Ghebreyesus.

D.N.
DN/Lusa
05 Maio 2023 — 14:36


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