63: “É cara, suja e pouco segura” e os lisboetas “não cuidam da aparência”. Nómadas digitais estão a sair de Lisboa

 

– Uma notícia de merda mas têm bom remédio! Os nómadas que não estão bem, vão para a terra deles! Em algumas coisas têm razão: Lisboa é cara para os naturais dado os baixos rendimentos e desemprego; é suja porque não existe qualquer tipo de civismo dos moradores (residentes, turistas e nómadas); pouco segura, comparada com outras capitais europeias, até nem está mal… Mas costuma-se dizer: quem não está bem… mude-se!

🇵🇹 LISBOA // NÓMADAS DIGITAIS // ACUSAÇÕES

Lisboa ainda é um dos principais destinos do mundo para os nómadas digitais, mas há cada vez mais estrangeiros desiludidos com a cidade.

Louis Droege / Unsplash

Até há relativamente pouco tempo, Lisboa era a cidade da moda para os nómadas digitais assentarem as suas raízes e trabalharem remotamente. Mas nos últimos tempos, os trabalhadores remotos estão a manifestar algum descontentamento com a capital portuguesa e a optar por sair da cidade.

Se o clima, a gastronomia e o custo de vida barato (para os estrangeiros) eram factores que convenceram muitos nómadas digitais a vir para Lisboa, a subida dos preços, a invasão dos turistas e a falta de simpatia dos lisboetas estão agora a ser apontadas como razões para as suas saídas.

Lisboa ainda está no 2.º lugar do site Nomadlist, onde os nómadas digitais trocam conselhos e recomendações sobre a qualidade de vida de cada cidade e cujo ranking é actualizado minuto a minuto, mas já chegou a cair para o 13.º lugar e as críticas estão agora a encher-se de pessoas a apontar os defeitos da capital.

Um dos comentários enumera a Internet rápida, a boa comida e os monumentos interessantes para visitar como pontos positivos, mas também é duro nas críticas — “há roubos nos transportes públicos e traficantes de droga a vender nas ruas; é muito cara e com apartamentos caros e velhos; as ruas estão sujas com papéis, cocó de cão e garrafas de cerveja; muito trânsito; os portugueses não cuidam da aparência e parecem tristes”.

E em que cidade não existem roubos nos transportes públicos e traficantes de droga a vender nas ruas? As ruas estão sujas com papéis, existe merda de cão nos passeios porque os residentes são porcos, sem civismo, nem espírito de cidadania. E a culpa não é de Lisboa mas dos grunhos labregos que nela habitam e, por exemplo, despejam o lixo deles na porta dos vizinhos!

Outro utilizador aponta 30 razões pelas quais decidiu sair de Lisboa, apontando vários impostos altos, problemas com cães vadios, muito consumo de álcool e tabaco, abusos a idosos, vários riscos de segurança, como carteiristas e burlas, e a burocracia “complexa e demorada”.

“Se tiver um rendimento abaixo de 5.000 por mês, preocupe-se, eu ganho 4.000 euros e passei fome“, aponta ainda.

– Isso é fake news! Tomara eu ter um rendimento de 2.000 euros mensais, já me governava razoavelmente…

Há também quem aponte que a cidade perdeu a sua “alma”: “Se caminhar no centro, vai encontrar 0 pessoas portuguesas. Quase todas as pessoas são visitantes estrangeiros, não se sente a pulsação a cidade, não tem alma. É tudo feito para os turistas. Tornou-se inabitável para os locais porque os portugueses vivem com salários mínimos de 700 euros”.

“Lisboa é muito cara e a atmosfera geral foi muito decepcionante. A maioria das casas é de má qualidade, especialmente em termos de isolamento. É difícil dormir à noite quando se está no centro, pode-se ouvir tudo da rua.

Outra coisa a mencionar é que os locais parecem odiar os estrangeiros, eles acham que somos os culpados pela crise imobiliária, então cuidado”, aconselha outro comentador.

Outro nómada critica a “quantidade louca de carros estacionados a encher todas as ruas” e a falta de mulheres e perspectivas de namoro e considera que os portugueses são “bastante miseráveis e deprimidos” e que a nossa gastronomia é “básica, sem sabor e uma das piores do mundo”.

Há ainda quem diga mea culpa pela realidade lisboeta. “O sonho acabou. Está na hora de fazer as malas e ir para outro sítio. Não culpo os locais por quererem dinheiro dos nómadas, considerando que eles ajudaram a arruinar a economia local e criar este monstro”, refere.

“É um pesadelo agora. Nós nómadas torná-mo-la um terror vivo. Era uma cidade pitoresca, agora é inabitável“.

Adriana Peixoto, ZAP //
27 Junho, 2023



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published in: 3 meses ago

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1: Governo discute com operadores futuro da tarifa social de Internet

 

– “… A TSI permite um tráfego de 15 gigas mensais, com velocidades de 12 megabits por segundo (Mbps) de download e de 2 Mbps de upload.

Será que este governante tem a noção realística destas “velocidades” e do tráfego mensal, face ao actual panorama tecnológico? Andamos a brincar às Internetes?

🇵🇹 GOVERNO // INTERNET // TARIFA SOCIAL

Tarifa que pretende levar Internet às famílias mais carenciadas é usada por menos de 550 famílias. Universo potencial é quase de 800 mil agregados. Executivo já decidiu mexer na medida.

(Rui Manuel Fonseca/Global Imagens)
© Rui Manuel Fonseca / Global Imagens

A tarifa social de Internet (TSI) está longe de ser um sucesso. A medida não está a ter a eficácia desejada e o governo já decidiu rever e mudar a oferta que existe – mas não se sabe quando.

O executivo terá diferentes cenários em cima da mesa, mas, antes de qualquer alteração definitiva, negoceia com as empresas de telecomunicações o futuro da medida.

Fonte oficial da secretaria de Estado da Digitalização e da Modernização Administrativa (SEDMA) afirma ao Dinheiro Vivo que o governo quer “garantir uma maior efectividade” da TSI.

Por isso, o gabinete de Mário Campolargo está a “estudar várias alternativas de melhoria” na sequência de um estudo da Autoridade Nacional de Comunicações (ANACOM). No entanto, não específica o que poderá ser feito nem qual é o calendário do executivo para este tema.

Em Janeiro, Campolargo prometeu novidades no final de Março, numa entrevista ao Jornal de Negócios e Antena 1. Estamos em maio e nada se sabe ainda.

O governante estará a trabalhar numa revisão o mais consensual possível no sector. A mesma fonte revela que estão a ser “promovidas reuniões de trabalho com os operadores e entidades que representam os interesses dos consumidores”.

O objectivo é assegurar que, “antes de se efectuar qualquer actualização”, sejam “testadas várias hipóteses de melhoria” à TSI, criando condições para “uma decisão com base em evidências”.

“A TSI é uma medida que pretende potenciar o acesso e uso da Internet em banda larga fixa ou móvel a consumidores com baixos rendimentos ou com necessidades sociais especiais”, relembra aquela fonte oficial. Os números, contudo, indicam que esse objectivo está longe de se concretizar.

Desde o início da medida (Fevereiro de 2022), registam-se apenas 1335 pedidos de acesso à TSI junto dos operadores (Altice, NOS, Vodafone, Nowo e Prodevice são as empresas autorizadas a fornecer TSI).

De acordo com fonte oficial da ANACOM, actualmente, só 548 famílias têm a tarifa activa, havendo ainda oito pedidos de acesso à tarifa que aguardam decisão.

“Este número poderá ser ligeiramente supeTelecominirior, uma vez que apenas se detém a informação que os prestadores, de forma voluntária, colocam na plataforma de gestão da tarifa social e que, por isso mesmo, pode não estar completa e actualizada”, salvaguarda a mesma fonte.

Quando o governo lançou a medida, estimava-se que a TSI poderia beneficiar quase 800 mil famílias (o mesmo universo que as tarifas sociais de electricidade e de água abrangem).

A TSI têm um custo mensal de 6,15 euros, mas os operadores podem exigir um custo de activação máximo de 26,38 euros, que pode ser diluído em 24 prestações mensais.

A TSI permite um tráfego de 15 gigas mensais, com velocidades de 12 megabits por segundo (Mbps) de download e de 2 Mbps de upload.

Iliteracia digital e fidelizações limitam TSI

A ANACOM entregou ao governo, em Setembro de 2022, um estudo sobre a TSI. O documento faz um diagnóstico preliminar das potenciais causas da reduzida utilização e aponta eventuais medidas para melhorar o alcance da oferta.

Fonte oficial da ANACOM realça que há “diversos factores identificados” que tornam esta tarifa pouco atractiva. Do lado dos consumidores, “um dos principais obstáculos à adesão à TSI prende-se com o peso relevante da iliteracia digital entre as camadas de população a quem a medida se destina”.

Do lado do sector das comunicações electrónicas, o regulador vê no actual regime de fidelizações um problema. “Os principais obstáculos à adesão à TSI poderão relacionar-se com a elevada preponderância de contratos com períodos de fidelização alargados, que impedem os utilizadores de rescindir os respectivos contratos sem custos, de forma a aderir à TSI”, argumenta a fonte regulatória.

Também a existência de serviços dos operadores em pacote (televisão; telefone; telemóvel e Internet combinados na mesma oferta) complicam o sucesso da TSI.

A mesma fonte refere que os referidos pacotes são o “produto de consumo de telecomunicações com mais expressão no mercado dos serviços de comunicações electrónicas”, que quando aliados aos período de fidelização “criam um obstáculo muito relevante à adesão à TSI”.

Outro obstáculo, de acordo com a ANACOM, “é a reduzida atractividade das ofertas individualizadas”.

O caso mais flagrante é o acesso a serviços de televisão, incluindo a televisão digital terrestre (TDT), o que “impossibilita” que as famílias potencialmente abrangidas pela TSI subscrevam esta tarifa e um serviço de televisão “a um preço competitivo, sem necessidade de subscrever uma oferta em pacote”.

“Adicionalmente, as características da própria oferta da TSI (velocidades e plafond de tráfego de dados incluídos) não serão as mais atractivas”, conclui fonte oficial do regulador das comunicações.

A Deco Proteste – outra entidade com que o governo poderá falar – faz uma leitura idêntica à da ANACOM. No início de Abril, especialistas desta associação de defesa do consumidor defendiam que “esta tarifa só compensa financeiramente, de facto, se o utilizador ficar restrito à TDT, que é gratuita”.

“Contratar um serviço de televisão individualizado (já de si de oferta escassa) e aderir à tarifa social de Internet sai mais caro do que optar pelos pacotes de televisão, net e voz mais baratos do mercado. E o consumidor ainda fica reduzido a um serviço de Internet em casa bastante limitado”, lê-se no site da Deco Proteste.

Soluções

Apesar de afirmar ter diferentes cenários em estudo, o executivo não abre o jogo sobre que alterações quer fazer. O DN/Dinheiro Vivo contactou uma fonte do sectorial conhecedora das conversas que existem entre governo e operadores, mas esta apenas confirma a existência de reuniões sobre a TSI.

Para a ANACOM, o caminho passa pela melhoria das características da TSI e pela permissão de rescisões sem custos para as famílias mais carenciadas em caso de adesão à tarifa social de Internet.

A “adopção de medidas estruturais com impacto” para combater a iliteracia digital – algo cujo efeito a autoridade reconhece que “poderá não ser imediato” – é outra possibilidade para o longo prazo.

Sobre o combate à iliteracia digital, fonte oficial da SEDMA defende que a TSI é uma das medidas para esse trabalho. “Existem muitas iniciativas e programas em curso focados quer na capacitação em competências digitais básicas, quer em formação intermédia e de nível avançado”, refere.

A mesma fonte relembra o INCoDe.2030, criado em 2017, o Plano de Acção para a Transição Digital, lançado em 2020, e iniciativas no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), como a C-Academy (programa de formação avançada em cibersegurança para a administração pública e para o sector privado).

Não obstante, não explica como estas medidas podem acabar com a iliteracia digital nas camadas mais desfavorecidas da população.

José Varela Rodrigues é jornalista do Dinheiro Vivo

D.N.
José Varela Rodrigues
02 Maio 2023 — 07:04

28.04.2023


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