– Empurrando responsabilidades uns para os outros… Mas que se pode esperar de gulosos do empreendimento?
TRABALHO ABUSIVO // JMJ
Os trabalhadores queixam-se de a organização não ter cumprido as suas promessas. Há quem não tenha ganho dinheiro com a venda ambulante de água.

Miguel A. Lopes / Lusa
Missa de abertura da Jornada Mundial da Juventude
Os trabalhadores que participaram na organização Jornada Mundial da Juventude (JMJ) no Parque Tejo acusam a empresa Galáxia Gulosa de não cumprir com as condições laborais previamente acordadas.
O Sindicato de Hotelaria do Sul confirmou que recebeu “inúmeras denúncias” sobre a situação e há planos para uma queixa colectiva à Autoridade para as Condições do Trabalho, escreve o Jornal de Notícias.
De acordo com os jovens vendedores ambulantes, não lhes foi pago o montante prometido, e tiveram de trabalhar em temperaturas de 40 graus sem fornecimento de água ou refeições.
“Propuseram-nos um valor base de 150 euros mais comissões, trabalharmos dentro de bares protegidos do calor, com quatro refeições e água gratuitas e um espaço para descansarmos.
Entretanto, disseram-nos que isso não estava a ser viável para os organizadores e que iríamos fazer venda ambulante e ganharíamos 40 cêntimos por cada garrafa de água”, explica Inês Monteiro, uma das queixosas, que acrescenta que desmaiou três vezes por causa do calor e do cansaço.
“Eu e o meu namorado trouxemos 15 euros para casa cada um, mas houve pessoas que não levaram nada”, frisa. Foram também distribuídas “credenciais falsas” porque a “organização da Jornada da Juventude não quis ter trabalho”.
As tarefas laborais, que deveriam ter começado na manhã do dia 5 de Agosto, só arrancaram ao início da tarde, o que levou vários a desistirem.
Marta Sousa, outra trabalhadora, corrobora as queixas de Inês e acrescenta que a empresa não respondeu às suas dúvidas e não cumpriu com as promessas feitas, incluindo fornecer tendas para descanso e estacionamento.
“Estávamos ali desde as 7 horas, sem comer nem beber e sem produtos para vender. Era suposto trabalharmos das 7 horas de sábado às 19 horas do dia seguinte (domingo)”, refere.
O Sindicato da Hotelaria do Sul mencionou ainda denúncias sobre a violação dos limites máximos diários de trabalho e a falta de contratos laborais formais entre os trabalhadores e a empresa.
A Galáxia Gulosa, em resposta, desvalorizou as acusações. O advogado da empresa esclarece que a responsabilidade sobre as condições laborais dos trabalhadores recaía sobre uma outra entidade, a sociedade Breakevents. A empresa afirmou cumprir todas as normas e estar sujeita a fiscalizações frequentes por diversas entidades.
A Fundação JMJ, por sua vez, declarou que a venda de bebidas não estava sob a sua responsabilidade directa.
ZAP //
18 Agosto, 2023
Ex-Combatente da Guerra do Ultramar, Web-designer,
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published in: 1 mês ago