🧑⚕️ SAÚDE PÚBLICA // 🩸🍚 DIABETES // EXTRACTO DE FLOR
Ensaios clínicos conduzidos por uma equipa da Universidade de Otago, na Nova Zelândia, permitiram descobrir que o extracto de pétalas de flores de dália pode ajudar a estabilizar os níveis de açúcar no sangue em indivíduos com diabetes.
Sara Maximoff / Unsplash
Uma equipa liderada pelo neuro-endocrinologista Alexander Tups demonstrou recentemente que a inibição da inflamação cerebral, provocada pelo consumo excessivo de uma dieta ocidental, melhora significativamente a regulação do açúcar no sangue.
Durante a investigação, os cientistas descobriram que uma molécula vegetal anti-inflamatória que actua no cérebro melhora de forma significativa a capacidade do organismo para processar o açúcar no sangue – e podemos encontrá-la numa flor.
“Descobrimos que a dália é uma fonte cultivável desta molécula e que contém duas moléculas vegetais adicionais que reforçam o efeito da molécula original.
Nos ensaios pré-clínicos, observamos que a molécula bloqueou especificamente a inflamação cerebral e melhorou a regulação do açúcar no sangue”, referiu Tups, citado pelo SciTechDaily.
Num ensaio clínico aleatório, controlado e cruzado, com participantes com pré-diabetes ou diabetes tipo 2, os investigadores conseguiram demonstrar que o extracto de dália melhorava consideravelmente a regulação do açúcar no sangue.
Em estudos pré-clínicos levados a cabo em animais, os investigadores conseguiram inverter a inflamação cerebral, melhorar a sensibilidade à insulina no cérebro e melhorar a regulação do açúcar no sangue.
“A regulação deficiente do açúcar no sangue é uma doença debilitante que afecta milhões de pessoas em todo o mundo. Espero e acredito realmente que o resultado da nossa investigação irá beneficiar as pessoas que sofrem desta doença”, reagiu o líder da investigação, cujo artigo científico foi publicado na Life Metabolism.
Deste trabalho resultou uma tecnologia patenteada. Em colaboração com a Otago Innovation Limited (OIL) e com intervenientes externos, a equipa de Tups conseguiu introduzir no mercado um suplemento natural de extracto de dália, com o objectivo de ajudar a manter os níveis normais de açúcar e de insulina no sangue.
Os cientistas descobriram que há uma bebida que está associada a uma redução dos níveis de açúcar no sangue em pessoas com diabetes tipo 2.
Science Blog
12 pessoas com diabetes tipo 2 participaram num ensaio clínico conduzido por investigadores da Escola de Saúde da Universidade de Georgetown, da Universidade de Nebraska-Lincoln e da MedStar Health.
Durante quatro semanas beberam kombucha — bebida de chá fermentado. Os resultados, publicados no passado dia 01 de Agosto no Frontiers in Nutrition, mostraram que as pessoas tinham níveis mais baixos de glucose no sangue em jejum do que quando consumiram uma bebida placebo de sabor semelhante.
Dan Merenstein, autor do estudo, disse que “alguns estudos laboratoriais e em roedores sobre a kombucha mostraram-se promissores e um pequeno estudo em pessoas sem diabetes mostrou que a kombucha reduziu o açúcar no sangue, mas, tanto quanto sabemos, este é o primeiro ensaio clínico que examina os efeitos da kombucha em pessoas com diabetes”.
O professor de Ciências Humanas na Escola de Saúde de Georgetown e de medicina familiar na Escola de Medicina da Universidade de Georgetown, disse, ainda, que “muitas mais pesquisas precisam ser feitas, mas isto é muito promissor“.
“Um ponto forte do nosso ensaio foi o facto de não termos dito às pessoas o que comer, porque usámos um projecto cruzado que limitou os efeitos de qualquer variabilidade na dieta de uma pessoa”, explicou Merenstein.
Assim, para efeito do estudo, os diabéticos tipo 2 foram divididos em grupos, onde uns beberam aproximadamente 236,59 ml de kombucha ou de bebida placebo semelhante, diariamente, durante quatro semanas.
Depois de dois meses para “limpar” os efeitos biológico das bebidas, o kombucha e o placebo foram trocados entre os grupos durante mais quatro semanas.
Nenhum dos grupos sabia o que estava a beber.
Depois de analisarem os efeitos, os investigadores verificaram que o kombucha parece ter reduzido os níveis médios de glucose no sangue em jejum, após quatro semanas, de 164 para 116 miligramas por decilitro, enquanto que a diferença após quatro semanas com o placebo não foi estatisticamente significativa.
Os investigadores também analisaram a composição dos microrganismos fermentadores na kombucha para determinar quais os ingredientes mais activos.
Descobriram que a bebida era composta principalmente por bactérias de ácido láctico, bactérias de ácido acético e uma forma de levedura chamada Dekkera, com cada micróbio presente em medidas aproximadamente iguais.
A descoberta foi confirmada com a sequenciação de genes de RNA.
Robert Hutkins, Ph.D., da Universidade de Nebraska-Lincoln e autor sénior do estudo, afirmou que “vários estudos de diferentes marcas de kombucha, de diversos fabricantes, revelam misturas e abundâncias microbianas ligeiramente diferentes”.
“No entanto, as principais bactérias e leveduras são altamente reproduzíveis e provavelmente são funcionalmente semelhantes entre marcas e lotes, o que foi reconfortante para o nosso estudo”, acrescenta.
Por sua vez, Chagai Mendelson, MD, autor principal, diz que “conseguimos fornecer provas preliminares de que uma bebida comum pode ter um efeito sobre a diabetes”.
“Esperamos que um ensaio muito maior, com as informações que obtivemos neste ensaio, possa ser realizado para dar uma resposta mais definitiva à eficácia do kombucha na redução dos níveis de glucose no sangue e, portanto, prevenir ou ajudar a tratar o diabetes tipo 2″, conclui.
A pesquisa mostrou que a tecnologia DART consegue regular os níveis de açúcar no sangue de ratos diabéticos recorrendo a estímulos eléctricos que desencadeiam a produção de insulina no corpo.
Sangharsh Lohakare / Unsplash
Um novo estudo publicado na Nature Metabolism abre caminho para futuros dispositivos potencialmente capazes de melhorar directamente a nossa saúde através de interfaces que recorrem à electricidade para estimular os nossos genes.
Esta interface poderia estimular genes específicos quando necessário, indo além da capacidade actual dos dispositivos que apenas registam os dados de saúde.
A tecnologia experimental usou pequenos impulsos eléctricos para desencadear a produção de insulina em ratos, que receberam implantes de tecidos pancreáticos humanos criados especialmente para a experiência.
Os cientistas têm esperança de que isto possa ajudar os diabéticos ao estimular directamente a produção de insulina. A tecnologia, conhecida como Tecnologia de Regulação Actuada por Corrente Directa, ou DART, faz a ponte entre a tecnologia digital e a tecnologia analógica dos nossos corpos e promove a produção de níveis não tóxicos de espécies reactivas de oxigénio — moléculas energéticas que podem iniciar um processo que activa as células projectadas para responder à mudança química.
Estas respostas têm o potencial de ajustar a regulação do ADN das células, particularmente as suas moléculas de “ligar/desligar” epigenéticas. A DART poderá dar-nos uma forma de reverter algumas alterações na expressão dos genes ao longo do tempo e devido a modificações no estilo de vida.
No estudo, a tecnologia conseguiu normalizar os níveis de açúcar no sangue de ratos diabéticos. Embora ainda haja um longo caminho a percorrer antes de um dispositivo como o Fitbit poder gerir a diabetes, o conceito comprovado é bastante promissor.
O baixo consumo de energia da DART, capaz de funcionar durante cinco anos com três pilhas AA, também favorece a sua miniaturização.
Os investigadores estão optimistas de que esta tecnologia irá não só melhorar a produção de insulina, mas também programar intervenções metabólicas.
Investigadores da Universidade da Pensilvânia, nos EUA, fizeram uma descoberta que poderá revolucionar o tratamento da diabetes.
Mae Mu / Unsplash
Os cientistas conseguiram produzir insulina em alfaces, eliminando a necessidade de injecções dolorosas e oferecendo esperança de cuidados de diabetes acessíveis e económicos em todo o mundo.
Para pessoas com diabetes tipo 1, que produzem pouca ou nenhuma insulina naturalmente, e para os indivíduos com diabetes tipo 2, que necessitam de injecções de insulina, o actual processo de fabrico de insulina sintética utilizando células de bactérias ou de levedura é complexoe dispendioso.
Além disso, o armazenamento e o transporte de insulina sintética requerem baixas temperaturas, algo que também pode ser desafiante.
Para ultrapassar estes obstáculos, os investigadores utilizaram uma técnica que utiliza um dispositivo conhecido como “pistola de genes” para inserir genes de insulina humana em células de alface.
Apesar das paredes celulares resistentes da alface, os genes integraram-se no genoma da planta, permitindo que produzissem insulina utilizando genes humanos.
A alface colhida foi liofilizada, pulverizada num pó e transformada num comprimido que pode ser armazenado e transportado à temperatura ambiente.
Em ensaios experimentais com ratos diabéticos, a insulina à base de plantas regulou eficazmente os seus níveis de açúcar no sangue em 15 minutos, sem induzir hipoglicemia, uma condição causada por uma queda rápida dos níveis de açúcar no sangue.
Ao contrário da insulina sintética actual, que carece de um dos três péptidos presentes na insulina natural, a insulina à base de plantas desenvolvida pela equipa da Universidade da Pensilvânia contém o péptido C em falta.
Este facto torna-a um substituto mais viável da insulina natural e, potencialmente, proporciona resultados de tratamento superiores.
Os resultados do estudo foram recentemente publicados na revista científica Biomaterials.
O próximo passo crucial dos investigadores é a realização de ensaios clínicos em cães e, eventualmente, em seres humanos.
Se for bem sucedido, este desenvolvimento poderá transformar a vida de mais de 500 milhões de pessoas que vivem com diabetes em todo o mundo.
Henry Daniell, o investigador principal, sublinha a importância da acessibilidade dos preços e do acesso global aos cuidados de saúde, baseando-se na sua própria experiência de crescimento num país em desenvolvimento.
Ao tornar a insulina mais acessível e melhorar a sua eficácia, Daniell acredita que a sua insulina à base de plantas oferece uma opção de tratamento superior a um custo mais baixo.
– “Escolas públicas que recusam a inscrição de alunos por serem diabéticos, crianças impedidas de fazer educação física ou professores que tratam os meninos por “o diabético” são algumas das denúncias da Federação de Pessoas com Diabetes.“
Discriminação. É este o verdadeiro espírito pós-25Abr74, nu e cru, sem camuflagem…
Escolas públicas que recusam a inscrição de alunos por serem diabéticos, crianças impedidas de fazer educação física ou professores que tratam os meninos por “o diabético” são algumas das denúncias da Federação de Pessoas com Diabetes.
Daniel Castellano / SMCS
“Temos conhecimento de muitos casos inacreditáveis que não podem acontecer, como por exemplo, termos professores que tratam as crianças por ‘o diabético’”, desabafou Emiliana Querido, presidente da Federação Portuguesa das Associações de Pessoas com Diabetes (FPAPD), em entrevista à Lusa.
O início do ano lectivo é quando surgem mais problemas, porque é quando as escolas são confrontadas com chegada de novos meninos.
Em média, Setembro é sinónimo de “dez novos pedidos de ajuda”, mas estão sempre a surgir novos casos: “No mês passado, por exemplo, ficámos a conhecer três novas histórias”, contou a responsável.
A maioria dos problemas acontece no pré-escolar ou no 1.º ciclo, quando as crianças ainda precisam de ajuda para vigiar a glicemia, administrar a insulina ou contar os hidratos de carbono que vão consumir.
Quando chegam à escola, as famílias sentem-se desamparadas ao descobrir que não existe a rede de apoio com que estavam a contar.
“Os pais não querem fazer queixa, querem apenas ser ajudados”, explicou Emiliana Querido, contando que existem relatos de todo o país, do litoral ao interior, tanto em escolas públicas como colégios privadas.
“Há escolas que simplesmente não aceitam a inscrição e estamos a falar de escolas públicas”, acusou a presidente da federação, contando que o argumento dos estabelecimentos é a falta de pessoal para responder às necessidades da criança.
A presidente da FPAPD recordou casos de “professores que não deixam a criança estar com os dispositivos de medição de glicemia consigo, que não deixam a criança ir à casa de banho.
Quando existe uma visita de estudo, há já vários casos em que tentam que a criança não vá. Pedem declarações médicas que não são de todo necessárias”.
Emiliana Querido contou ainda a história de “uma menina que estava a ingerir açúcar porque estava a sentir-se com hipoglicemia a disseram-lhe que não podia comer na aula”.
A estes casos somam-se as vezes em que a escola sugere aos pais que mudem a criança de escola ou de turma. Emiliana Querido questionou como é que se pode pedir a uma criança que “mude toda a sua vida”, deixe os amigos para trás e a relação com professores e educadores.
A presidente admitiu, no entanto, que às vezes estas sugestões surtem efeito, porque os pais preferem mudar para uma escola onde se sintam apoiados do que imaginar o seu filho sem ajuda, “mesmo que isso implique uma gestão familiar muito mais difícil”.
Para Emiliana Querido, estas situações têm de ser evitadas, até porque algumas já revelaram ter efeitos psicológicos graves: “Conhecemos casos de adolescentes que ainda frequentam consultas de psicologia por episódios traumatizantes na escola”.
Para Emiliana Querido, este é um problema de fácil resolução, uma vez que a diabetes é uma doença que não exige um acompanhamento permanente e, com o passar do tempo, a criança vai-se tornando cada vez mais autónoma.
Sobre os resultados das denuncias que chegam à Federação, Emiliana explica que muitos pais não querem fazer queixa por medo de represálias, mas para a Direcção-Geral da Gestão Escolar, “sem queixa formal, não é possível identificar a situação específica e actuar em conformidade”.
A Lusa contactou o Ministério da Educação para saber quantas queixas foram recebidas nos últimos anos e quais as consequências, assim como quais os procedimentos a que as escolas estão obrigadas, mas não recebeu qualquer resposta até ao momento.
“Sabemos que algumas escolas fazem um bom trabalho. Mas também nos chegam estes pedidos de ajuda”, lamentou a presidente da FPAPD, lembrando que desde 2019 existe uma orientação bastante completa para os cuidadores de crianças e jovens com diabetes tipo 1 na escola, “mas não se vêem melhorias no que toca à integração”.
A presidente criticou ainda a falta de uma legislação “que vincule a escola a dar uma resposta adequada”, e a falta de informação e meios para ajudar estas crianças, que a federação estima serem cerca de 4000.
Para Emiliana Querido, o desconhecimento sobre a doença acaba por assustar e afastar os adultos da responsabilidade. Por isso, a federação quer que “as escolas sejam alvo de um programa de mais informação e formação”: Era muito importante existir uma campanha forte para as escolas.
E concluiu: “Estes meninos podem ter uma vida escolar normal, pode fazer educação física e ir às suas aulas, podem fazer refeições na cantina da escola, mas é preciso o envolvimento de todos”.