199: Chuva forte, granizo e trovoada. Sete distritos sob aviso laranja

 

🇵🇹 METEOROLOGIA // 🌧️ CHUVA // emoji 🌨️ cloud with snow svg png GRANIZO // TROVOADA ⛈️

Durante o dia de sábado, vários locais do norte do país sofreram com as condições climáticas, incluindo a Serra da Estrela que ficou coberta de granizo no verão.

© Facebook

Sete distritos de Portugal continental estão sob aviso laranja, o segundo mais grave de uma escala de três, devido à previsão de chuva forte, granizo e trovoada, de acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera.

O aviso laranja para Santarém, Setúbal, Lisboa, Leiria, Castelo Branco, Coimbra e Portalegre vigora entre as 09:00 e as 21:00 deste domingo devido à previsão de aguaceiros, por vezes fortes, e ocasionalmente de granizo, acompanhados de rajadas fortes, além de trovoada, frequente e dispersa.

O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) emitiu ainda aviso amarelo para 11 outros distritos portugueses igualmente devido à previsão de aguaceiros fortes e trovoada.

Bragança, Viseu, Évora, Porto, Guarda, Faro, Vila Real, Viana do Castelo, Beja, Aveiro e Braga vão estar sob aviso amarelo entre as 09:00 e as 21:00 na sua grande maioria, terminando pelas 18:00 nos distritos de Beja, Faro e Évora.

O aviso laranja indica situação meteorológica de risco moderado a elevado e o amarelo é emitido sempre que existe uma situação de risco para determinadas actividades dependentes da situação meteorológica.

Em pleno verão, a Serra da Estrela ficou este sábado coberta de branco, devido à tempestade de granizo que começou às 14h00.

Prevendo a situação, a Protecção Civil apelou no sábado à população para que tomasse medidas preventivas face à mudança do estado do tempo, do interior para o litoral, com previsão de precipitação, por vezes forte, acompanhada de granizo, trovoada e rajadas.

Em comunicado, a Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil (ANPC) recordou que os episódios típicos das estações de transição, com as primeiras chuvas, são propícios à “ocorrência de inundações urbanas, causadas por acumulação de águas pluviais por obstrução dos sistemas de escoamento”.

Além disso, segundo a autoridade, é possível a “ocorrência de cheias, potenciadas pelo transbordo do leito de alguns cursos de água, rios e ribeiras”, além de deslizamentos e derrocadas “motivados pela infiltração da água, fenómeno que pode ser potenciado pela remoção do coberto vegetal na sequência de incêndios rurais, ou por artificialização do solo”.

A Protecção Civil recordou que estes possíveis efeitos podem ser minimizados, sobretudo através da adopção de comportamentos adequados, pelo que recomenda, em particular nas zonas historicamente mais vulneráveis, a adopção das principais medidas preventivas.

Também deve evitar-se a circulação e permanência junto da orla costeira e zonas ribeirinhas “historicamente mais vulneráveis a galgamentos costeiros”.

A autoridade apelou também para que não sejam praticadas actividades relacionadas com o mar, nomeadamente pesca desportiva, desportos náuticos e passeios à beira-mar, evitando ainda o estacionamento de veículos muito próximo da orla marítima.

A Protecção Civil apelou ainda à adopção de uma condução defensiva, com redução de velocidade e ao não atravessamento de zonas inundadas, de modo a precaver o arrastamento de pessoas ou viaturas para buracos no pavimento ou caixas de esgoto abertas.

DN/Lusa
03 Setembro 2023 — 09:46


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93: Saber dormir durante as ondas de calor

 

– Nunca tive ar condicionado em casa e nestes dias de calor, as noites até têm estado bastante agradáveis com as temperaturas a baixarem e a sentir-se um fresco muito bom à janela. Contudo, o interior da casa está mais quente e a minha solução para garantir um sono tranquilo é a utilização de uma ventoinha de chão, com ar circulante, direccionada para a cama.

🌡️ONDAS DE CALOR //😴SONO // NOITES TRANQUILAS 🌃

Todos são afectados, mas os grupos de risco mais vulneráveis aos efeitos negativos do calor sobre o sono são os idosos e as pessoas com problemas psiquiátricos. Saiba quais são as recomendações da Sociedade Europeia de Medicina do Sono para dormir melhor durante as ondas de calor.

As mudanças climáticas representam uma enorme ameaça directa à saúde respiratória, promovendo ou agravando doenças respiratórias e, indirectamente, aumentando a exposição a factores de risco para estas doenças.

Agora que, enquanto escrevo, no meio de mais uma onda de calor na Europa e quando, em algumas áreas da província da vizinha Estremadura, em Espanha, a temperatura à superfície do solo ultrapassou os 60 graus Celsius, vamos falar do seu impacto no sono.

É bem sabido que as ondas de calor estão a ocorrer com maior frequência e são conhecidas por afectar particularmente as temperaturas nocturnas. Um estudo recente descobriu que, em média, na Europa, o número de dias com calor extremo triplicou desde 1950.

No dia-a-dia, fora das ondas de calor, o aquecimento do corpo antes de dormir, por exemplo tomando um banho quente, pode ter efeitos benéficos para o sono, como aumentar o sono de ondas lentas, o chamado sono profundo. No entanto, a exposição ao calor durante o sono pode levar à sua interrupção.

De facto, o sono e a regulação da temperatura estão intimamente relacionados.

Os seres humanos têm uma temperatura corporal central média de 36,5ºC, que varia em mais ou menos 1ºC durante as 24 horas, sendo que o valor máximo é atingido no final da tarde, enquanto o mínimo ocorre durante as primeiras horas da madrugada.

A secreção nocturna de melatonina, controlada pelo nosso “pacemaker” circadiano, o “relógio” interno humano, coincide com a regulação negativa da temperatura corporal média à noite e “abre a janela do sono”.

Temperaturas ambientes fora da zona de conforto térmico que interferem nesse processo perturbam o início ou a manutenção do sono, levando ao aumento da vigília e à diminuição do sono profundo e da REM, a última fase do ciclo de sono.

Os grupos de risco mais vulneráveis aos efeitos negativos das ondas de calor sobre o sono são os idosos e as pessoas com problemas psiquiátricos.

Contudo existem algumas recomendações da Sociedade Europeia de Medicina do Sono para melhorar a qualidade do sono durante as ondas de calor.

Para começar, mantenha a temperatura do quarto constante, preferencialmente em mais ou menos 19ºC. Se isso não for possível, mantenha-o o mais próximo possível de 20 a 25ºC, já que temperaturas mais altas perturbam o sono.

Antes de ir para a cama, com temperaturas ambientes altas devido às ondas de calor, um banho fresco ou morno (não frio) pode ajudar a induzir o sono e reduzir o stress causado pelo calor. Como alternativa, mergulhar os pés em água morna pode ser eficaz.

Sistemas de ventilação podem ajudar a arrefecer o quarto. Tenha cuidado com o ar condicionado, que pode ser útil para resfriar o quarto em circunstâncias extremas, mas temperaturas menores de 17ºC também podem atrapalhar o sono.

As ventoinhas eléctricas consomem até 50 vezes menos electricidade do que o ar-condicionado, o que é importante no contexto de factores socioeconómicos individuais e das questões ambientais que contribuem para as mudanças climáticas.

Como regra, o uso de dispositivos que consomem energia deve ser visto como último recurso.

No calor extremo, os despertares devido ao calor podem ser reduzidos resfriando o corpo temporariamente com um spray ou pulverizador de água, embora os benefícios sejam debatidos e sejam necessários mais estudos sobre seus efeitos positivos.

Beba bastante durante o dia para melhorar a regulação da temperatura durante a noite. Se não houver períodos de frio durante o dia e a noite, tente manter a casa e o quarto o mais fresco e escuro possível durante o dia e a noite.

Se houver um período fresco durante o dia, ventile a casa e o quarto o máximo possível antes de dormir e feche o quarto quando as temperaturas subirem.

Limite o vestuário e escolha roupas de algodão em vez de outros materiais. Mais: se dormiu mal uma noite, não vá dormir mais cedo na noite seguinte, vá para a cama apenas quando sentir sono.

No calor extremo, as sestas podem ser úteis, mas tenha cuidado para mantê-las curtas, aproximadamente 20 minutos – e não muito tarde, por exemplo, até às 15h.

Tente manter o ritmo sono-vigília o mais regular possível: a regularidade e a continuidade do sono têm sido associadas a uma melhor qualidade do sono do que apenas a quantidade de sono que dorme.

No verão, é possível que acorde mais cedo. Se acordar mais cedo do que o planeado, levante-se e comece o dia. Evite ficar na cama acordado. Aproveite esse tempo extra para passear ou ler, antes de ir para o trabalho ou iniciar outras actividades.

Em geral, evite dormir noutro lugar que não seja a sua cama e não fique deitado se estiver acordado. Organize um “cantinho de leitura” na sua casa, com livros, revistas ou banda desenhada da sua preferência.

Use-o quando ainda não sentir sono antes de ir para a cama e quando não conseguir voltar a dormir no meio da noite. Só volte para a cama quando sentir sono.

Uma cerveja gelada numa noite de verão pode ser agradável, mas tome cuidado com os efeitos do álcool no sono.

O álcool é um inibidor do sono profundo, portanto pode interromper a continuidade do sono, o que na verdade está relacionado com a sensação de cansaço e fadiga no dia seguinte.

O álcool também desidrata e aumenta a transpiração nocturna. Use álcool moderadamente durante as ondas de calor e evite fumar.

– Uma cerveja com % de álcool pode ser um meio refrescante…

Finalmente, a actividade física no início da manhã, quando ainda está relativamente fresco ao ar livre, pode ajudar a combater a fadiga diurna e a manter um horário regular de sono e vigília. Pela sua saúde, durma bem.

Coordenador de Pneumologia e da Unidade de Ventilação e Perturbações do Sono do Instituto CUF Porto
Pneumologista no Hospital CUF Trindade
Professor da Faculdade Medicina da Universidade do Porto

DN
João Carlos Winck
17 Julho 2023 — 18:42



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87: Portugal está a escapar à onda de calor que está a deixar países perto dos 50 ºC

 

🇵🇹 PORTUGAL // ⛱️ METEOROLOGIA // 🌡️ CALOR

Contrariamente a Portugal, que vai manter as temperaturas normais para a época, Itália viu-se obrigada a emitir um alerta de “calor extremo”, pelas previsões de 48 °C.

O governo italiano emitiu um alerta aos cidadãos, de modo a que tomem precauções extremas, devido à nova vaga de calor que está a assolar o país. A informação coloca, pelo menos, 16 cidades italianas sob avido vermelho, este domingo, devido às temperaturas extremas.

Como é costume nestes situações, as autoridades aconselham os cidadãos a evitar a exposição directa ao sol, durante o dia, bem como a ter especial cuidado com as pessoas mais vulneráveis, nomeadamente, idosos.

Segundo a Euronews, as regiões mais afectadas incluem Roma, Florença e Bolonha.

Além das cidades italianas, também Espanha está a registar temperaturas que “facilitam a propagação de incêndios florestais“.

Aliás, na ilha de La Palma do país vizinho, a onda de calor extremo resultou num incêndio que já queimou 4.500 hectares de área e destruiu, pelo menos, 13 habitações. Apesar de terem sido retiradas 4.000 pessoas da área, não foram registados feridos.

E como estamos em termos de calor, em Portugal?

Por cá, o cenário não coincide com o do sul Europa, que está a ser vítima da massa de ar quente e de consequentes temperaturas muito altas. Apesar de termos tido dias de sol abrasador, a verdade é que, no nosso caso, a influência do Atlântico tem trazido nebulosidade, descida de temperaturas e chuva.

Contudo, as coisas vão melhorar, este domingo e segunda-feira, com o regresso do calor – sem extremos e dentro das temperaturas normais para a época.

Pplware
Autor: Ana Sofia Neto
16 Jul 2023



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80: Calor provoca 61.672 mortes na Europa e mais de 2 mil em Portugal

 

🇵🇹 PORTUGAL // ☀️ CALOR // ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS

Por toda a Europa foram registados altos números de mortes causadas pelas elevadas temperaturas durante o verão de 2022. De acordo com os dados agora conhecidos as faixas etárias mais velhas foram as com piores índices, principalmente as pessoas com 80 ou mais anos.

O verão de 2022 bateu recordes de temperatura em toda a Europa.
© João Manuel Ribeiro/Global Imagens

O verão de 2022 foi marcado pelo calor intenso que se fez sentir por todo o continente europeu, que acabou por ajudar a provocar inúmeros incêndios florestais e a seca extrema em diversas regiões.

Além dos hectares ardidos durante o ano – Portugal foi o segundo país da Europa mais afectado, com, por exemplo, 153 fogos a queimarem uma área de 949 km2 – também as mortes alcançaram números alarmantes.

De acordo com um estudo divulgado ontem pela revista científica Nature Medicine, ocorreram cerca de 61.672 mortes relacionadas com o calor na Europa, entre 30 de Maio e 4 de Setembro de 2022.

Este número foi semelhante apenas ao recorde de excesso de mortalidade de Junho, Julho, Agosto e Setembro de 2003, que chegou a atingir as 71.449 mortes por motivos directamente relacionados com o calor.

Das 61.672 mortes atribuídas ao pico de calor, uma grande parte está concentrada nos países mais próximos do Mar Mediterrâneo. Neste caso, em Itália terão ocorrido 18.010 mortes, em Espanha 11.324 e na Alemanha 8.73 – equivalente a mais de metade de todos os óbitos.

Em Portugal, o número de mortes causada pelas altas temperaturas atingiu mais de 2.000 pessoas, especialmente idosos com idade superior aos 80 anos.

Quanto à taxa de mortalidade, Itália ocupa o topo da lista com 295 mortes por milhão, seguindo-se a Grécia com 280, Espanha com 237, e Portugal, em quarto lugar, com 211 mortes por milhão.

De acordo com os resultados do trabalho da Nature Medicine, houve um grande aumento da mortalidade sobretudo durante os meses de Junho e Agosto de 2022, quando se registaram as temperaturas mais altas.

Tendo em conta a população, a análise estima que a mortalidade devido ao calor afectou mais as mulheres que os homens (mais 56%). Assim sendo, globalmente, cerca de 114 mortes por milhão foram relacionadas com o calor, sendo 145 mulheres e 93 mortes masculinas por milhão.

Já em termos de idade, as pessoas mais idosas são as mais afectadas. Logo, a taxa de mortalidade também aumentou tendo em conta a idade, com 16 , 160 e 1.684 mortes por milhão nos grupos etários 0-64, 65-79 e 80+ anos, respectivamente

O estudo, que teve como base dados de mortalidade do Eurostat, envolveu cientistas do Instituto Nacional de Saúde e Investigação Médica (Inserm) de França e do Instituto de Saúde Global de Barcelona (ISGlobal) que analisaram dados de temperatura e mortalidade para o período 2015-2022.

Os responsáveis contabilizaram mortes de 823 regiões em 35 países europeus, representando um total de população de 543 milhões de pessoas.

Nesse contexto, construíram ainda modelos epidemiológicos para prever a mortalidade para todas regiões durante todas as semanas do verão de 2022.

Face as consequências das alterações climáticas, os autores deste estudo frisam que os resultados divulgados ontem devem consciencializar as autoridades da União Europeia a aumentar “urgentemente a ambição e a eficácia dos planos de prevenção e adaptação ao calor”.

Isto porque o aquecimento “não vai abrandar”, antes pelo contrário, “as previsões alertam para o seu aumento”.

“É um número muito alto de mortes. Conhecíamos os efeitos do calor na mortalidade com o precedente de 2003, mas com esta análise vemos que ainda há muito trabalho a fazer para proteger as populações”, disse à agência France Presse o investigador do Inserm e co-autor do estudo Hicham Achebak.

De acordo com as estimativas dos cientistas, sem uma resposta efectiva o continente europeu vai enfrentar uma média de mais de 68.000 mortes todos os Verões até 2030 e mais de 94.000 até 2040.

Com Lusa

DN
Inês Dias
11 Julho 2023 — 00:50



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73: Andar em tronco nu na rua dá multa? E a conduzir?

 

⛱️ TRONCO NU // 🌡️ CHINELOS //🚗CONDUÇÃO

Com o calor que faz sentir em Portugal, são muitos os que têm o hábito de tirar a roupa.

Em alguns países andar em tronco nu na via pública pode dar origem ao pagamento de coima. E se conduzir em tronco nu? Saiba o que diz a lei para Portugal.

Em Portugal, andar em tronco nu na rua é permitido. No entanto, se tal for considerado um ato exibicionista já não é bem assim. A lei portuguesa prevê que a Polícia Marítima possa intervir, se alguém apresentar queixa por “atitudes exibicionistas” na praia.

O Código Penal, por sua vez, permite enquadrar como crime actos de carácter exibicionista, ou seja, aqueles que têm uma conotação sexual de exposição dos órgãos genitais, o que não será o caso do topless, refere a Deco.

Conduzir em tronco nu ou em chinelos dá multa?

A GNR diz que conduzir descalço, de chinelos ou em tronco nu “não constitui nenhuma infracção” desde que isso não prejudique a segurança da condução. Mas, se isso acontecer, o condutor pode receber uma multa que varia entre os 60 e os 300 euros.

Não existe qualquer indicação no Código da Estrada sobre não se poder conduzir de chinelos ou em tronco nu. Porém, importa que o calçado e o vestuário usados (ou a sua falta) não sejam um entrave para uma condução segura.

Conduzir de tronco nu levanta, no entanto, uma questão de género. Se uma mulher pretender conduzir sem roupa no corpo, será que pode… não será punida?

Sendo este um tema sensível, que geralmente merece muitas discussões, nomeadamente, a de discriminação de género, o Código Penal afirma que a mulher pode vir a ser multada, se alguém se sentir incomodado – saber mais aqui.

Agora que já sabe que conduzir de chinelos ou em tronco nu não dá multa, é preciso que tenha em consideração a sua segurança. 

Certos chinelos possuem solas grossas e demasiado largas que podem retirar capacidade para actuar convenientemente nos pedais do veículo, levando, por exemplo, ao pisar simultâneo de dois pedais.

Às vezes, é o próprio calçado que fica preso no acelerador, não permitindo que o condutor trave. Quando estas situações acontecem, a segurança rodoviária fica em risco.

Se conduzir em tronco nu, não se esqueça de algo muito importante: o cinto de segurança — caso não o faça pode, efectivamente, ser multado independentemente de estar ou não completamente vestido.

Porém, caso esteja a conduzir em tronco e tenha de fazer uma travagem mais repentina ou mesmo em caso de acidente, o risco de lesão é maior, dado que o cinto pode ferir o tronco, uma vez que está em contacto directo com a pele.

Os cafés, restaurantes e esplanadas podem proibir a frequência do espaço em tronco nu. Para isso, o estabelecimento comercial tem de anunciar claramente as regras.

Pplware
Autor: Pedro Pinto
06 Jul 2023


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65: Barragem que abastece o Baixo Alentejo não enche há uma década

 

🇵🇹 PORTUGAL // ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS // BARRAGENS // ALENTEJO

Dados da Agência Portuguesa do Ambiente, actualizados na semana passada, mostram que a barragem Monte da Rocha estava a 09% da capacidade.

© Reinaldo Rodrigues/Global Imagens (Arquivo)

A barragem do Monte da Rocha, em Ourique, fornece água para todo o Baixo Alentejo mas está a 09% e não enche há uma década, embora Manuel Caetano, dono do Restaurante a Rocha, mesmo em frente da barragem,​​​​​​ acredite que tem muita água ainda para vários anos.

A Agência Portuguesa do Ambiente (APA) monitoriza 75 albufeiras e segundo os dados actualizados na semana passada a maior parte delas (40) estavam com uma capacidade entre os 81 e os 100%.

No panorama da retenção de água sobressaem no entanto três, com menos de 20% de água: Bravura (12%), no concelho de Lagos, Campilhas (10%), em Santiago do Cacém, e a pior, Monte da Rocha a 09% da capacidade.

Construída para abastecimento humano e rega, Monte da Rocha nem chegou este ano a disponibilizar água para rega, tal a pouca água que armazenou, destinada apenas a servir os concelhos de Castro Verde, Ourique, Almodôvar, Mértola e Odemira, que num total têm mais de 50 mil habitantes.

Em Fevereiro deste ano foi publicado o concurso para a obra que fará chegar a água de Alqueva a Monte da Rocha, prevista para 2025. Mas Manuel Caetano não acredita.

Reservado, Manuel Caetano escuta mais do que fala. É o dono do Restaurante a Rocha, mesmo em frente da barragem, há 42 anos. E socorrendo-se de uma boa memória afirma: “A última vez que a vi cheia foi em 2013, daí para cá tem sido sempre a descer.

Aquele que já foi um grande reservatório de água trazida pelo rio Sado, para rega e para as pessoas de cinco concelhos, tem agora pequenos lagos no centro, longe de um parque de campismo que já teve desportos náuticos na “ementa”, e longe da aldeia de Chada Velha, que “ficava um ilhéu quando a barragem enchia”, recorda, por seu lado, Adílio Guerreiro, agricultor e trabalhador da Câmara de Ourique.

Parece difícil que aqueles pequenos lagos dispersos forneçam água a cinco concelhos mas Manuel Caetano, anos a olhar a barragem, garante que água não faltará nos próximos anos. E Ilídio Martins, presidente da Associação de Regantes e Beneficiários de Campilhas e Alto Sado (Alto Sado é outro nome para Monte da Rocha), com base em dados técnicos, afiança o mesmo.

“Temos reserva para mais um ano”

A associação é a entidade gestora da barragem e segundo o seu presidente a água não faltará.

“Temos reserva para mais um ano, mas esperamos que aquela reserva que lá está seja acrescida com alguma chuva e que haja precipitação no próximo inverno, porque seria muito mau se isso não acontecesse”, diz à Lusa.

Para já, Monte da Rocha nem parece uma barragem. A erva cresce e seca nas paredes e no leito e onde devia estar água crescem os juncos, as estevas, as urzes, as silvas e pelo menos um pequeno pinheiro já lá está, sinal de que há muito a água não cobre o terreno.

As marcas da água são visíveis nas margens, algumas com datas que Manuel Caetano sabe de cor.

Sentado na esplanada do restaurante, o calor que fica pela tarde e que o espelho de água já não ameniza, Manuel Caetano diz que ainda há quem vá por lá à pesca, mas agora já ninguém leva barcos. “Agora já não dá gosto nenhum”.

Manuel Caetano fala dos tempos que viveu fora dali, por Lisboa, mas recorda sobretudo os últimos 42 anos, quando a barragem era um local de turismo, quando a estrada principal para o Algarve ali passava à porta, o restaurante sempre cheio, os carros e os autocarros estacionados a toda a volta. “Nesse tempo estávamos abertos noite e dia, nem podíamos fechar”.

Na tarde de calor só Adílio Guerreiro ali parou. Também ele andou por Lisboa mas também ele regressou a onde nasceu, a Monte da Rocha, para criar ovelhas e viver muito mais feliz, longe da confusão da cidade.

Só lamenta que a água da barragem tenha ido recuando assim e levado com ela a vida de outrora. “Infelizmente temos este azar da natureza”, diz.

Azar da natureza também para parte dos 450 elementos da Associação de Regantes, que não têm água para regar. “Somos uma das poucas associações do país que não pode regar devido à falta de água”, lamenta Ilídio Martins.

A associação abrange os concelhos de Santiago do Cacém, Odemira e Ourique, mas Ourique praticamente não tem água para regar e parte de Santiago também não.

A associação gere cinco albufeiras, duas das três que estão “no vermelho”, Campilhas além de Monte da Rocha. Campilhas encheu pela última vez em 2013 e a água deste ano é apenas para rega de emergência e para dar de beber aos animais. E soluções para Campilhas, para já, dependem dos céus.

Monte da Rocha é ainda assim diferente. Ilídio Martins afirma que tem apenas 9,5 milhões e metros cúbicos de água, que este ano nem sequer abriu para a agricultura, mas que decorre o concurso público para a execução da obra e que dentro de dois anos a água de Alqueva pode chegar ali. E compor o “azar da natureza”.

DN/Lusa
03 Julho 2023 — 09:50



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63: “É cara, suja e pouco segura” e os lisboetas “não cuidam da aparência”. Nómadas digitais estão a sair de Lisboa

 

– Uma notícia de merda mas têm bom remédio! Os nómadas que não estão bem, vão para a terra deles! Em algumas coisas têm razão: Lisboa é cara para os naturais dado os baixos rendimentos e desemprego; é suja porque não existe qualquer tipo de civismo dos moradores (residentes, turistas e nómadas); pouco segura, comparada com outras capitais europeias, até nem está mal… Mas costuma-se dizer: quem não está bem… mude-se!

🇵🇹 LISBOA // NÓMADAS DIGITAIS // ACUSAÇÕES

Lisboa ainda é um dos principais destinos do mundo para os nómadas digitais, mas há cada vez mais estrangeiros desiludidos com a cidade.

Louis Droege / Unsplash

Até há relativamente pouco tempo, Lisboa era a cidade da moda para os nómadas digitais assentarem as suas raízes e trabalharem remotamente. Mas nos últimos tempos, os trabalhadores remotos estão a manifestar algum descontentamento com a capital portuguesa e a optar por sair da cidade.

Se o clima, a gastronomia e o custo de vida barato (para os estrangeiros) eram factores que convenceram muitos nómadas digitais a vir para Lisboa, a subida dos preços, a invasão dos turistas e a falta de simpatia dos lisboetas estão agora a ser apontadas como razões para as suas saídas.

Lisboa ainda está no 2.º lugar do site Nomadlist, onde os nómadas digitais trocam conselhos e recomendações sobre a qualidade de vida de cada cidade e cujo ranking é actualizado minuto a minuto, mas já chegou a cair para o 13.º lugar e as críticas estão agora a encher-se de pessoas a apontar os defeitos da capital.

Um dos comentários enumera a Internet rápida, a boa comida e os monumentos interessantes para visitar como pontos positivos, mas também é duro nas críticas — “há roubos nos transportes públicos e traficantes de droga a vender nas ruas; é muito cara e com apartamentos caros e velhos; as ruas estão sujas com papéis, cocó de cão e garrafas de cerveja; muito trânsito; os portugueses não cuidam da aparência e parecem tristes”.

E em que cidade não existem roubos nos transportes públicos e traficantes de droga a vender nas ruas? As ruas estão sujas com papéis, existe merda de cão nos passeios porque os residentes são porcos, sem civismo, nem espírito de cidadania. E a culpa não é de Lisboa mas dos grunhos labregos que nela habitam e, por exemplo, despejam o lixo deles na porta dos vizinhos!

Outro utilizador aponta 30 razões pelas quais decidiu sair de Lisboa, apontando vários impostos altos, problemas com cães vadios, muito consumo de álcool e tabaco, abusos a idosos, vários riscos de segurança, como carteiristas e burlas, e a burocracia “complexa e demorada”.

“Se tiver um rendimento abaixo de 5.000 por mês, preocupe-se, eu ganho 4.000 euros e passei fome“, aponta ainda.

– Isso é fake news! Tomara eu ter um rendimento de 2.000 euros mensais, já me governava razoavelmente…

Há também quem aponte que a cidade perdeu a sua “alma”: “Se caminhar no centro, vai encontrar 0 pessoas portuguesas. Quase todas as pessoas são visitantes estrangeiros, não se sente a pulsação a cidade, não tem alma. É tudo feito para os turistas. Tornou-se inabitável para os locais porque os portugueses vivem com salários mínimos de 700 euros”.

“Lisboa é muito cara e a atmosfera geral foi muito decepcionante. A maioria das casas é de má qualidade, especialmente em termos de isolamento. É difícil dormir à noite quando se está no centro, pode-se ouvir tudo da rua.

Outra coisa a mencionar é que os locais parecem odiar os estrangeiros, eles acham que somos os culpados pela crise imobiliária, então cuidado”, aconselha outro comentador.

Outro nómada critica a “quantidade louca de carros estacionados a encher todas as ruas” e a falta de mulheres e perspectivas de namoro e considera que os portugueses são “bastante miseráveis e deprimidos” e que a nossa gastronomia é “básica, sem sabor e uma das piores do mundo”.

Há ainda quem diga mea culpa pela realidade lisboeta. “O sonho acabou. Está na hora de fazer as malas e ir para outro sítio. Não culpo os locais por quererem dinheiro dos nómadas, considerando que eles ajudaram a arruinar a economia local e criar este monstro”, refere.

“É um pesadelo agora. Nós nómadas torná-mo-la um terror vivo. Era uma cidade pitoresca, agora é inabitável“.

Adriana Peixoto, ZAP //
27 Junho, 2023



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42: Entre a sede e a vontade de beber: um retrato da seca no sul do país

 

🇵🇹 PORTUGAL // 🌎 CLIMA // 🍂 SECA

A rara chuva que caiu esta semana a sul do Tejo não chegou sequer para trazer esperança a uma região onde a seca severa ou extrema avança cada ano mais cedo.

A paisagem enche-se de contradições, entre barragens à míngua, terrenos duros, canais secos para rega, mas também a proliferação de culturas intensivas que requerem cada vez mais água que não há.

Albufeira da barragem de Santa Clara, em Odemira
© Gerardo Santos / Global Imagens

Numa extremidade da albufeira da barragem de Santa Clara, Fernando Peixeiro observa dois botes que repousam sobre terreno deixado a descoberto pelo recuo das águas. Nesta zona onde se encontra instalado o pequeno cais amovível as embarcações já dificilmente conseguem navegar.

O espelho de água daquela que é uma das maiores albufeiras da Europa mingou de tal forma nos últimos anos que tem obrigado ao sucessivo reposicionamento da estrutura.

“No ano passado ainda estava colocado aqui, ao nível deste segundo patamar”, conta o presidente da Junta da Freguesia de Santa Clara-a-Velha, apontando para um socalco mais próximo da estrada que desce até à zona de embarque, agora uns bons 10 a 20 metros mais abaixo dessa marca. “Vamos ter de o deslocar mais para baixo outra vez”, diz, resignado, num dia em que uma comitiva da autarquia está de visita ao local.

“Aqui está a obra mais importante do concelho de Odemira”, sublinha, com um misto de orgulho e nostalgia, ele que há 10 anos lidera os destinos da junta de freguesia que serve de sede à imponente barragem construída ainda nos tempos do Estado Novo e inaugurada em maio de 1969.

No entanto, se a albufeira repousa nesta freguesia interior no extremo sudeste deste concelho alentejano, os maiores beneficiários desta água estão lá no outro extremo, no litoral de Odemira, onde a paisagem tem sido tomada pela proliferação de estufas e culturas intensivas, sobretudo de frutos vermelhos.

“Nem se consegue ver o mar com o reflexo do plástico das estufas”, comenta um grupo de homens à porta de um café em Casa Nova da Cruz, na estrada que liga a São Teotónio, já às portas do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina.

Fernando Peixeiro, presidente da Junta de Freguesia de Santa Clara-a-Velha
© Gerardo Santos / Global Imagens

A proliferação deste tipo de agricultura, uma cultura intensiva que requer grandes quantidades de água, tem sido apontada como uma das principais causas do estado de stress hídrico a que chegou esta zona, e um pouco toda a região sul do país (além dos frutos vermelhos de Odemira, há o cultivo do abacate no Algarve ou o olival e amendoal intensivo que tem crescido junto ao Alqueva), num período de secas aceleradas pelas alterações climáticas.

“Num contexto de falta de chuva, em que a precipitação tem vindo a reduzir significativamente, assistimos a este contra-senso que é a expansão do regadio e de culturas intensivas que implicam grandes recursos de água”, aponta ao DN Sara Correia, da associação Zero.

Com toda a região sul do país em seca severa ou extrema, o Governo decidiu proibir a implementação de novas estufas na zona do Perímetro de Rega do Mira (PRM), no concelho de Odemira, entre outras medidas, para fazer face à situação crítica da barragem de Santa Clara, que há três anos se mantém em volume morto.

Teoricamente, é uma reserva técnica que não deveria ser usada e que assegura condições mínimas para manter a biodiversidade ali existente.

Nesta albufeira, que tem capacidade para armazenar 485 milhões de metros cúbicos de água, o volume morto é atingido quando a reserva recua para 48% da capacidade (cerca de 240 milhões de m3).

Actualmente, de acordo com os últimos dados disponíveis na Agência Portuguesa do Ambiente, conta apenas 35% do seu volume máximo.

“Num contexto em que a precipitação tem vindo a reduzir significativamente, assistimos a este contra-senso que é a expansão do regadio e de culturas intensivas”, aponta Sara Correia, da associação Zero.

Ora, entre os 12 mil hectares de Perímetro de Rega do Mira (PRM), as estufas e outra culturas forçadas ocuparão entre 1500 e 4000 hectares. Os números exactos ninguém sabe bem ao certo, porque este tipo de actividade “não requer licenciamento”, lembra Fátima Teixeira, geóloga que faz parte do movimento de cidadãos Juntos Pelo Sudoeste, que se constituiu em 2019 para denunciar e combater esta “ameaça aos valores naturais da região”, na sequência de uma resolução do Conselho de Ministros que “permitiu triplicar a área de estufas”, acusa.

Fátima encontra-se com a reportagem do DN perto do Cruzamento de Almograve, na Estrada Nacional 323, para nos mostrar aquela que diz ser ” uma das maiores extensões de estufas” desta zona. Pouco depois do cruzamento, no sentido Odemira-Vila Nova de Mil Fontes, um desvio em terra batida, à direita, destapa “um mar de plástico de perder de vista”.

São centenas e centenas de estruturas, lado a lado, ao longo de cerca de um quilómetro, que quase passam despercebidas a quem segue na Estrada Nacional, pois escondem-se geralmente atrás de vegetação.

A meio deste enorme complexo encontram-se os contentores onde ficam instalados muitos dos trabalhadores que se veem à distância, a trabalhar entre as plantas, a esmagadora maioria do leste asiático.

“Há nesta altura em Odemira mais de 80 nacionalidades”, relata Fátima Teixeira, dando conta de uma outra dimensão deste fenómeno das culturas intensivas: a social, que o Juntos Pelo Sudoeste também tem denunciado nos últimos anos.

Exploração de estufas em Odemira
Foto Gerardo Santos / Global Imagens

Trabalhadores do leste asiático em estufa de Odemira
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Mas voltando à água, ou escassez dela, e ao despacho em que o Governo proibiu a instalação de novas estufas na região. É que esse mesmo despacho da ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, trouxe uma surpresa que, aponta a geóloga, “veio favorecer as grandes empresas, nacionais e multinacionais, que exploram as estufas”, ao incluir estas na lista de “culturas permanentes”.

Logo, com prioridade no acesso à água distribuída para rega pelos canais que vêm desde a barragem de Santa Clara – e que neste ano de 2023 se limita a 1.800 metros cúbicos por hectare -, deixando de fora, por exemplo, as pastagens, que ficaram listadas como culturas temporárias, o que vai “impactar muitos produtores locais”.

Um desses produtores é Rui Silva, veterinário que tem 15 vacas e três hectares de terreno no Brejão. “O que a senhora ministra fez foi entregar 75% da água a 25% dos agricultores do Perímetro de Rega do Mira”, resume, indignado com uma decisão que o proíbe de usar água para rega este ano.

“Além de terem despromovido as pastagens para culturas temporárias, vedaram o acesso à água a todos os que não regaram em 2022. Ora, eu decidi não regar no ano passado para poupar água, e esta foi a minha paga”, queixa-se.

Na base dessa proibição governamental terá estado o facto de muitos pequenos produtores terem, no ano passado, vendido a sua quota de rega às grandes multinacionais por valores bem acima do legalmente estabelecido.

“Fizeram-se grandes negócios”, diz. Não foi, no entanto, o seu caso, garante: “Eu não usei a rega porque achei que a forragem que iria produzir com aquela água a que tinha direito não ia dar para mais do que um mês de alimento para os animais e optei antes por culturas de inverno. Precisamente para respeitar o valor da água”.

Rui Silva, criador de vacas no Brejão
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A questão da distribuição da água para rega no Perímetro de Rega do Mira levou mesmo o Governo a exonerar a direcção da Associação de Beneficiários do Mira (ABM), entidade responsável por essa gestão.

Rui Silva acusa a ministra de “não ter aceitado a distribuição equitativa da água por hectare de terreno, decidida pela maioria dos sócios em assembleia-geral”.

Em vez disso, diz, “decidiu por dotação, hierarquizou culturas. E criou uma realidade fictícia. Transformou o permanente em temporário e o temporário em permanente.”

Para Fátima Teixeira, do Juntos Pelo Sudoeste, não faz sentido “continuar a privilegiar culturas intensivas” quando a barragem de Santa Clara está a 35% da capacidade e com garantia de água para “apenas mais um ano”.

A geóloga compara mesmo estas estas culturas à indústria extractiva: “Usam a água barata, retiram os nutrientes do solo, utilizam plásticos, fertilizantes e pesticidas sintéticos… e quando deixarem de ter água vão para outro lado, deixando no território terrenos sem qualquer vida.

Ainda para mais, não se trata de usar um bem essencial em prol das pessoas da região ou do país. Estamos a exportar 80% da água consumida aqui em forma de framboesa.”

Junto à barragem, o presidente da Junta de Freguesia de Santa Clara-a-Velha não esconde a apreensão: “Não sabemos se na próxima campanha vamos ter rega”. Mas quer confiar nos prometidos projectos de “requalificação dos canais, que podem suprir perdas que chegam actualmente aos 40%”.

Marcas mostram nível de armazenamento que a barragem de Santa Clara já teve
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Sem água não há arroz

Se a barragem de Santa Clara está a 35% da sua capacidade, outras há na região sul do país ainda em pior situação. Pouco mais acima, em Campilhas, já na bacia hidrográfica do Sado, o armazenamento está a 12%; Bravura, no Barlavento Algarvio, apresenta 13%. Numa e noutra foram mesmo canceladas as campanhas de rega para este ano, deixando vários produtores sem solução.

Na zona de rega de Campilhas, com forte tradição na produção de arroz, “são 1000 a 1500 hectares que ficam sem qualquer produção”, diz Rodrigo Capela, da APARROZ, agrupamento de produtores de arroz do Vale do Sado.

Mas mesmo nas zonas regadas por outras albufeiras da bacia do Sado “os problemas são enormes” com a seca reflectida nos terrenos, sublinha. Por exemplo, “maior dificuldade em controlar os infestantes, o que faz com que a cultura perca produção”.

Além disso, “com a secura dos solos, é necessária muito mais água para produzir a mesma quantidade de arroz de anos normais, o que dispara os custos”.

É o que acontece com José Cecílio, produtor de arroz que tem cerca de 100 hectares na zona de Alcácer do Sal. “Estamos a gastar o dobro da água”, garante. Nestes campos, o rei é o arroz carolino, “o melhor, aquele arroz mais soltinho”. “Diz-se que este é o “arroz de” e o outro, o agulha, é o “arroz com”.

Este é o arroz de marisco, arroz de tomate, arroz que se come sempre fresco. O outro é o arroz com qualquer coisa porque dá para aquecer e comer ao longo de vários dias”, explica. “Só nós e Itália é que produzimos bem este arroz”, diz.

José Cecílio, produtor de arroz em Alcácer do Sal
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José Cecílio mostra a terra onde semeia o arroz
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Agora, a água é “o factor de produção mais caro nesta actividade”, constata José Cecílio, que aponta para uns 400 a 500 euros por ano em consumo de rega. Ainda assim, o produtor sadino tem investido em “melhores máquinas e técnicas” para reduzir as necessidades de água.

A técnica da “sementeira em linha”, por exemplo, poupa “uma percentagem muito grande de água” – “em vez de 150 dias, o campo já só precisa de ficar alagado cerca de 120”, assegura Rodrigo Capela.

Actualmente, “já se conseguem médias de 9 a 10 mil metros cúbicos de água por ano”, diz Cecílio. Em 1995, quando começou a produzir arroz, “gastava-se uns 16 mil m3 e nem se tinha a preocupação de monitorizar”.

Se os custos de produção aumentaram, os preços finais de venda do arroz também, fruto da disrupção internacional provocada pela guerra na Ucrânia, o que permitiu “ir aguentando”, admite José Cecílio.

Mas o futuro é cada vez mais incerto. No entanto, constata, “não há muita alternativa ao arroz”. “Se não der [o arroz] não sei o que será destas terras”. Ainda assim, pior está a pecuária, avalia. “Aí é que o problema é grave.

Temos quebras de 80% nos fenos das pastagens, as nascentes para abeberamento estão a secar”. José mantém 150 vacas de raça autóctone mertolenga, mas “muitos estão a desfazer-se do efectivo todo”.

Poço para captar água dos lençóis freáticos está vazio
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Porco alentejano em risco

Em Ourique, conhecida como a capital do porco alentejano, encontramos Jorge Nobre, um criador desta que é uma das raças autóctones mais ameaçadas.

Nas suas terras, Jorge tenta manter as exigentes condições necessárias à validação da pureza dos animais, na maioria exportados para Espanha, onde na sua maioria vão ser transformados nos muito procurados presuntos Pata Negra.

Um dos requisitos obrigatórios é que o porco se alimente exclusivamente com bolota nos meses finais da engorda, de Outubro a Janeiro – a chamada fase da montanheira, em que o animal pasta no montado (o típico ecossistema alentejano), a alimentar-se do fruto do sobreiro, para poder ser vendido com o selo de qualidade da raça.

Ora, com a seca severa que atinge este território, “o montado não produz, há muitas árvores a morrer”. Logo, ressente-se a produção de bolota. “Este foi dos piores anos”, refere Nuno Faustino, presidente da Associação de Criadores de Porco Alentejano (ACPA), sediada neste concelho do Baixo Alentejo.

Nesta altura, os animais estão na fase da recria, de crescimento, um período de 14 a 16 meses que medeia entre o desmame e a montanheira final e no qual a alimentação é garantida no campo, “entre cereais e ervas”.

Mas, com os terrenos secos, “também falta erva e tem de se gastar mais em ração, o que aumenta muito os custos”, conta Jorge Nobre. “Só nos últimos dois anos aumentaram cerca de 70% os custos com as rações”, frisa Nuno Faustino.

Esta é uma zona de sequeiro que não é abrangida por qualquer perímetro de rega público. “Toda a água que existe nesta região vem da chuva. E aqui simplesmente não chove”, lamenta-se o presidente da ACPA, num dia em que, ironicamente, é presenteado com uma rara chuva caída do céu.

Ainda assim, uma precipitação praticamente “insignificante” face à dimensão do problema. “É preciso trazer alguma água a este território. Isto é sequeiro, mas não sobrevive sem água”, desabafa, em jeito de súplica.

“Se os criadores como o Jorge amanhã tiverem de ir embora, o que vamos ter nesta região? Sem ninguém a vigiar e cuidar do território, ficam os matos e os fogos descontrolados. Desertificação”.

Como fazê-lo, é “um desafio para os técnicos”, admite o suinicultor, na expectativa para ver avançar alguma das soluções que têm sido aventadas, sejam novas barragens, centrais dessalinizadoras ou “a tal autoestrada norte-sul” para a água, que permita fazer transvases de bacias hidrográficas do norte para o sul do país.

Mesmo que isso implique aumentos significativos no custo da água? “Eu agora nem posso queixar-me do preço da água, porque simplesmente não a tenho”, contrapõe.

Seca tem afectado a produção de bolota
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Jorge Nobre, criador de porco alentejano
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Porco alentejano é das raças autóctones mais ameaçadas pela seca
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No cenário actual, “é a sobrevivência do porco alentejano e da pecuária extensiva que está em risco”, diz Nuno Faustino, realçando que houve já uma “redução grande do efectivo de porco alentejano, na ordem dos 30 a 50%”, nos últimos tempos, devido “aos efeitos da seca”.

“Se os criadores como o Jorge amanhã tiverem de fechar portas e ir embora, vamos ter o quê nesta região? Sem ninguém a vigiar e cuidar do território, ficam os matos e os fogos descontrolados. Desertificação”, avisa.

Satisfazer a procura ou reduzir o consumo?

Neste dilema entre a sede de uns e a vontade de beber de outros, o facto é que Portugal surge apontado como um caldeirão de alterações climáticas em todos os modelos de projecção do clima no futuro.

Na vizinhança da bacia do Mediterrâneo, a tendência é inevitavelmente para aumento de temperaturas e diminuição da precipitação, cenário propício para um território mais seco e menos produtivo, sobretudo a sul.

Para Sara Correia, que lidera o projecto MedWater, da Zero, precisamente dedicado às secas e escassez hídrica no Alentejo e Algarve, “temos que repensar que tipo de investimentos queremos fazer nessas regiões”, sendo certo, diz, que perante a escassez de água “não faz sentido adoptar políticas públicas centradas em satisfazer a sua procura crescente, ao invés de promover a redução do consumo e a eficiência hídrica”.

Em causa estão, por exemplo, os investimentos na captação de água no rio Guadiana (Pomarão) e na instalação de uma central de dessalinização, ambos financiados no Plano de Recuperação e Resiliência, como soluções para os problemas hídricos do Algarve.

Aqui, no Algarve, as albufeiras estão praticamente todas abaixo de metade e a redução das águas subterrâneas está a fazer aumentar a salinização dos aquíferos.

Mas o diagnóstico de uma seca extrema parece não enquadrar bem com a paisagem litoral mais turística do país, onde pululam grandes empreendimentos hoteleiros e vastas áreas verdes dedicadas ao golfe – há 40 campos na região.

“No Algarve, sobretudo ao longo da costa, como consequência deste modelo económico, temos observado de facto maiores exigências de recursos hídricos devido ao aumento da actividade agrícola, do turismo e do golfe”, constata a Plataforma Água Sustentável (PAS), criada em 2020 e que agrega 14 associações.

Também a PAS alerta que a solução para a crise hídrica “não será encontrada com grandes obras de construção civil que aumentam a pegada ecológica agravando, consequentemente, o consumo de água, a desflorestação e a poluição do mar, o que, por sua vez, desequilibra ainda mais o clima”.

Por isso, discorda “da construção da central de dessalinização, da Captação de Água no Guadiana, ou da construção de barragens, porque, além dos impactes ambientais conhecidos, o aumento da temperatura/evaporação e diminuição da pluviosidade tornará o volume de água a armazenar cada vez menor”. A diversificação das origens de água deverá ser antes feita “através do recurso às águas fluviais e residuais tratadas”, sugere.

Essas são práticas que já têm sido implementadas em alguns dos campos de golfe na região – o dos Salgados utiliza exclusivamente água para rega a partir da ETAR da Lagoa dos Salgados; o de São Lourenço, na Quinta do Lago, consome, parcialmente, água reciclada proveniente de uma ETAR local. Habituado a ser apontado como um dos grandes consumidores de água, o golfe rejeita “o preconceito, tantas vezes ideológico”.

Campo de golfe Dom Pedro Laguna, em Vilamoura
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“Se quisermos tomar como exemplo os 40 campos de golfe do Algarve, a uma média de 60 hectares por campo, nos quais apenas 60 a 70% da sua área é regada, estamos a falar de uma área regada total que não ultrapassa os 2.000 hectares.

Estes campos consomem anualmente entre 13 a 15 milhões de m3 de água para rega, dos quais uma parte ainda significativa é água da chuva ou de drenagem acumulada ou recuperada nos lagos construídos para o efeito nos campos”, reage ao DN a Confederação Nacional da Indústria do Golfe (CNIG), sublinhando que a totalidade dos campos de golfe do Algarve são responsáveis apenas pelo consumo de 5,8% da água consumida anualmente na região.

Se ainda se pode fazer muito na redução de perdas de distribuição no sector urbano e turístico, que estão estimadas em valores a rondar os 30%, o principal consumo de água vem mesmo, tanto no Algarve (com 60% dos consumos) como a nível nacional (aumenta para 75%), da agricultura, nota Sara Correia, da Zero.

Por isso, “é necessário repensar o tipo de agricultura que se quer, sobretudo para essas regiões do sul do país”, diz. “A água não vai dar para tudo e uma coisa sabemos: o consumo humano tem de ser garantido. O que tem de ficar para trás são as explorações agrícolas pouco sustentáveis”, acrescenta.

Em Odemira, Fátima Teixeira interroga-se: “Estas empresas [de frutos vermelhos] vangloriam-se de exportar mais de 200 milhões de euros por ano, mas esgotam os recursos dos solos.

E o que ficará depois disso? Perdemos Parque Natural, perdemos biodiversidade, ficamos sem água, com solos estéreis para as gerações futuras. Isso compensa?”.

Fátima Teixeira, do movimento Juntos Pelo Sudoeste
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rui.frias@dn.pt

D.N.
Rui Frias (texto) e Gerardo Santos (fotos)
27 Maio 2023 — 00:14


Web-designer, Investigador
e Criador de Conteúdos Digitais


published in: 4 meses ago

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