CIÊNCIA/SAÚDE
Diagnosticar tumores cerebrais pode ser difícil e muito invasivo. Agora, uma equipa de investigadores desenvolveu um método para detectar cancro no cérebro sem ser necessária qualquer incisão.
Os tumores cerebrais são normalmente diagnosticados através de imagens de ressonância magnética, uma vez que a colheita de uma amostra para uma biopsia do tecido é arriscada e pode não ser possível devido à localização do tumor ou às más condições de saúde do paciente.
Investigadores da Universidade de Washington, em St. Louis, estão a desenvolver um método para diagnosticar tumores cerebrais sem ser necessária qualquer incisão.
O método é desenvolvido por uma equipa liderada por Hong Chen, professora assistente de engenharia biomédica na McKelvey School of Engineering e de radiação oncológica na School of Medicine, e usa energia ultra-sónica para atingir tumores nas profundezas do cérebro.
Quando o tumor é localizado, os investigadores injectam micro-bolhas no sangue que viajam para o tecido visado pela ecografia e estouram, causando pequenas rupturas na barreira hematoencefálica. As rupturas permitem que bio-marcadores, como ADN, ARN e proteínas, do tumor atravessem essa barreira e sejam libertados no sangue, que pode ser testado com uma colheita de sangue, chamada biopsia líquida.
Chen e a sua equipa têm trabalhado no seu método de biopsia líquida habilitada por ecografia (FUS-LBx) durante vários anos, conduzindo um estudo de viabilidade em camundongos, seguido por um estudo de avaliação de segurança em camundongos e, mais recentemente, outro estudo em porcos jovens, que têm uma espessura de crânio semelhante à dos humanos.
A equipa teve sucesso na medição de dois bio-marcadores específicos do cérebro usando FUS-LBx em sete dos oito porcos que usaram e não encontraram danos nos tecidos cerebrais após o procedimento.
Embora a biopsia líquida à base de sangue tenha sido usada em pacientes humanos com outros tipos de cancro para medicina personalizada, estender o método ao cancro cerebral em humanos continua a ser um desafio.
“A ressonância magnética fornece apenas informações anatómicas sobre o tumor cerebral”, disse Chris Pacia, estudante de doutorado em engenharia biomédica e autor do estudo, em comunicado. “O FUS-LBx pode ser integrado na prática clínica futura como um complemento à ressonância magnética e biopsias de tecido para fornecer informações moleculares do tumor.”
“O impacto potencial desta técnica pode ser enorme – e não só para o diagnóstico de tumor cerebral. Este método pode ser aplicado ao diagnóstico de outras doenças cerebrais”, explicou Chen.
Agora, a equipa de Chen quer fazer mais estudos para entender melhor e optimizar a tecnologia enquanto se prepara para testes clínicos em humanos.
Este estudo foi publicado em maio na revista científica Nature.
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Por ZAP
11 Agosto, 2020